Cotidiano

Quedas de energia atingem capital e interior de Roraima

ANA GABRIELA GOMES

Editoria de Cidade

As seguidas quedas de energia ocorridas na tarde desta quinta-feira, 5, atingiram não só a capital, como também municípios do interior do Estado. Durante, e após o acontecimento, a Folha recebeu reclamações de moradores de diferentes bairros da capital e dos municípios de Rorainópolis e São João da Baliza. A principal contestação foi em relação ao preço cobrado pela Roraima Energia no final do mês, que não reduz por conta dos apagões.

O casal Wilson e Helena Duarte informou à reportagem que, há alguns anos, perdeu uma central de ar durante uma queda de energia. Moradores do bairro Caranã há quase 10 anos, o casal lembrou que, mesmo com várias quedas registradas no mês da perda, a fatura veio similar aos meses em que não houve interrupção. Nesta quinta-feira, 5, eles desligaram todos os aparelhos na primeira queda.

“Na época, nós tentamos entrar na Justiça por conta da perda do aparelho, mas acabamos desistindo por conta do processo em si. Foi uma escolha nossa. Aí chegou a conta de energia e eu fiquei sem entender o valor da conta, porque no mês em que perdemos a central foram várias quedas, então, teoricamente, não tem como eles contabilizarem consumo”, relatou Duarte.

A mesma reclamação foi feita pela moradora Socorro Aguiar, residente no bairro Caçari há pouco mais de dois anos. Ela explicou que, desde que chegou a Roraima já perdeu as contas de quantas vezes precisou desligar os eletrodomésticos com medo de perder algum aparelho. Natural do Maranhão, ela contou que veio acompanhar o marido, que é militar, e se apaixonou pela cidade.

Entretanto, pontuou que os constantes problemas de água e energia estão fazendo ela pensar em voltar à cidade natal. “Todos os vizinhos que eu conheço já tiveram inúmeros problemas relacionados à perda de aparelho devido às quedas de energia. No começo, nós demoramos a nos acostumar com o preço da conta que chegava, mas logo conseguimos no adaptar. Ainda assim, é um preço injusto pelo serviço oferecido”, disse.

Outra moradora, que preferiu não se identificar, contou que saiu do trabalho para ir em casa tirar os aparelhos da tomada, com medo de perder algo. Natural de Rorainópolis, ela contou ainda que familiares de São João da Baliza e vicinais próximas também foram atingidos pela queda de energia. “No final do mês eu quero ver se vão me cobrar por esse serviço que, sinceramente, não presta”, destacou.

OUTRO LADO – A reportagem da Folha entrou em contato com a Roraima Energia, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno.

“Medidores não contabilizam consumo em apagão”, esclarece Procon 


Diretor do Procon estadual, Lindomar Coutinho: “O consumidor deve buscar seus direitos de fato, e não ficar só nas redes sociais” (Foto: Arquivo Folha)

O diretor do Procon estadual, Lindomar Coutinho, esclareceu que o medidor não contabiliza consumo a partir do momento em que falta energia justamente pela interrupção. Conforme relato, em casos de quedas e outras situações semelhantes, a Roraima Energia realiza a compensação do período em que houve a interrupção do serviço no final do ano, sendo descontada na fatura. Em relação à perda de aparelhos eletrônicos, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê que o consumidor deve registrar dia e hora exatos. Após isso, é preciso fazer contato com o setor de atendimento da empresa responsável, no caso, a Roraima Energia. A empresa, por sua vez, faz uma vistoria para checar se a instalação da residência está correta, se a tomada do aparelho em questão tem fio-terra e se o produto está ligado corretamente, entre outros pontos. Neste momento, é importante que o consumidor tenha a nota fiscal em mãos. De acordo com Coutinho, se durante a vistoria for encontrada alguma irregularidade, a empresa é imediatamente amparada pela resolução 414 da Aneel. Contudo, se o consumidor não concordar, é hora de ir atrás dos seus direitos. “Ele junta três orçamentos do aparelho e entra, via Procon ou judicial, para solicitar que o procedimento seja amparado. O artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) diz que as concessionárias de serviço público devem prestar serviço com qualidade e a queda de energia vai contra isso”, disse. O diretor ressaltou ainda a importância de o consumidor buscar seus direitos de fato, e não ficar só nas redes sociais. “Vemos muitas reclamações na internet, mas poucos buscam os órgãos de defesa, então não temos como agir corretamente”, finalizou.