O aumento Ă© expressivo com o passar dos anos. Em 2014, pouco mais de 30 carteiras de trabalho foram emitidas para imigrantes venezuelanos. O nĂșmero subiu para 257 no ano de 2015 e depois, em 2016, para 1.331. Mas foi em 2017 que o Ăndice disparou. Entre janeiro e setembro, mais de 4.100 carteiras foram emitidas pela SuperintendĂȘncia Regional do MinistĂ©rio do Trabalho e Emprego em Roraima (SRTE).
A procura por inserção no mercado de trabalho tambĂ©m foi constatada pelo Sine em Roraima. Dos 170 imigrantes venezuelanos que foram atendidos de janeiro atĂ© a Ășltima sexta-feira, 9, na Secretaria de Estado do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), 50 foram encaminhados para entrevista junto a empresas contratantes. No atendimento, os interessados apresentam Carteira de Trabalho e currĂculo para o cadastramento.
Segundo a chefe interina da Intermediação de MĂŁo de Obra, Josyane Souza, as vagas mais procuradas pelos estrangeiros sĂŁo para repositor, empacotador, serviços gerais e limpeza. âA maioria possui nĂvel MĂ©dio e Superior, mas como a Carteira de Trabalho precisa ser renovada quando eles chegam ao Brasil, nĂŁo tem como eles comprovarem experiĂȘncia por meio delaâ, salientou.
De forma geral, a chefe relatou que a inserção dos imigrantes no mercado estĂĄ acontecendo aos poucos e, principalmente, nas ĂĄreas anteriormente citadas, tendo em vista a exigĂȘncia de experiĂȘncia informal. Para concorrer a vagas de emprego, o Sine nĂŁo exige qualquer processo de tradução em relação aos documentos. Basta portar a carteira de trabalho, comprovante de residĂȘncia, currĂculo e o documento de permanĂȘncia no paĂs.
CARTEIRA DE TRABALHO â Para a emissĂŁo da carteira, o chefe da SessĂŁo de PolĂticas de Emprego da SRTE, PĂ©ricles dos Santos, explicou que os imigrantes precisam se dirigir Ă sede da SuperintendĂȘncia, localizada na Avenida Major Williams, bairro SĂŁo Francisco, munidos do protocolo expedido pela PolĂcia Federal (PF), CPF e comprovante de residĂȘncia ou declaração do abrigo onde reside. O documento Ă© vĂĄlido por um ano e pode ser renovado pelo mesmo perĂodo. (A.G.G)
Imigrantes garantem emprego com carteira assinada
O começo da histĂłria Ă© o mesmo. A saĂda do paĂs de origem aconteceu devido Ă crise polĂtica e econĂŽmica. No entanto, logo que chegaram a Roraima, as venezuelanas Adriana Roman e Hastorhayd da Silva buscaram se regularizar para garantir um emprego e, a partir daĂ, recomeçar a vida. Atualmente, com a carteira de trabalho assinada, as imigrantes sequer planejam voltar ao seu paĂs.
Natural de Ciudad BolĂvar, Adriana contou que reside em Boa Vista hĂĄ oito meses, com os cinco filhos e o marido, que Ă© brasileiro. HĂĄ quatro meses ela assumiu o emprego de operadora de caixa em um supermercado do Centro. âCompleto cinco meses trabalhando de carteira assinada no mĂȘs que vem e pretendo continuar vivendo no Brasil. Meus filhos jĂĄ estĂŁo adaptados e matriculados, entĂŁo nĂŁo preciso voltarâ, contou.
HĂĄ quase um ano e meio em Boa Vista, Hastorhayd, natural de AnzoĂĄtegui, veio com os trĂȘs filhos em busca de oportunidade. TambĂ©m contratada em um supermercado localizado no Centro, ela lembra que inicialmente trabalhou como diarista para garantir a comida dos filhos. Com a garantia do emprego, Hastorhayd jĂĄ consegue pagar o prĂłprio aluguel. âQuero construir uma nova vida aqui, jĂĄ que consegui uma oportunidadeâ, disse.
Emocionada, ela conta que a situação que o paĂs de origem enfrenta machuca o coração. âA Venezuela Ă© um paĂs tĂŁo produtivo e agora estĂĄ acabando com as pessoas sem nem pensar nas consequĂȘncias. Eu agradeço a todas as pessoas que me estenderam a mĂŁo, porque a gente nunca sabe quando vai passar por essas coisasâ, pontuou. (A.G.G)