O São João no Parque Anauá, realizado pelo Governo de Roraima por meio de recurso do Ministério do Turismo, é um dos momentos esperados durante todo o ano pelos quadrilheiros roraimenses. São centenas de pessoas envolvidas na festa que esse ano será realizada de terça-feira, 22, até domingo, 27, no Parque Anauá. E com o passar do tempo muitos quadrilheiros aprenderam a transformar o amor pelo Arraial também em renda extra.
Foi assim para o empreendedor Sheul Chaves, que fundou a quadrilha Coração Caipira e por muito tempo foi quadrilheiro. Ele viu na necessidade de confeccionar os vestidos de quadrilha do grupo a oportunidade de abrir o próprio negócio.
“Nós tÃnhamos que comprar muita coisa de fora e percebemos que era possÃvel unir o útil ao agradável, pois em função do trabalho voluntário junto ao movimento fazÃamos os vestidos, e acabamos nos profissionalizando”, esclareceu.
Sheul explica que no começo a única máquina de costura era emprestada e posteriormente a famÃlia começou o trabalho de produção gráfica, e logo veio a compra da primeira impressora.
“O São João nos proporcionou uma nova vida, a abertura da nossa empresa, e nossa famÃlia foi construÃda no alicerce do São João. Hoje a nossa maior renda está em torno do São João e nessa época chegamos a triplicar o faturamento, pois o São João é tão bom que nos proporciona produzir itens utilizados em outros movimentos culturais. E ficamos muito felizes de fazer o que amamos e ver que o nosso trabalho é valorizado, não só pelo dinheiro, mas por ver o fruto do nosso trabalho sendo apreciado dentro e fora do São João”, enfatizou.
FamÃlias inteiras vivem a tradição e ajudam a movimentar o São João
Quando se fala em criatividade no cenário cultural, o São João tem influência positiva também no sustento da famÃlia da dona Elza Luzia Souza de Almeida. Ela foi uma das homenageadas no lançamento do São João este ano e explica que tudo começou na década de 70, quando começou a fazer os vestidos das próprias filhas.
“Comecei a fazer os vestidos das meninas, peguei gosto pela produção e nunca mais parei. Acabou que virou a minha profissão. Eu faço com muito amor, e sinto um orgulho de ver os vestidos abrindo e subindo. O dinheiro me ajuda muito, mas o amor é maior e me mantém vivo aqui nessa sala de costura. Enquanto eu tiver viva ou estar aqui fazendo vestido de quadrilha”, reforça.
Atualmente são três gerações envolvidas na geração de renda resultante do amor à quadrilha. Além da matriarca Elza, muitas vezes as filhas, netas e até bisnetas que ajudam no trabalho de produção dos vestidos e das roupas masculinas e depois de mais de 40 anos são mais de 2.000 peças confeccionadas.
As filhas, Rosilene Souza de Almeida e Rodeia Souza de Almeida foram quadrilheiras pela Canecão, destaque na década de 80, e agora mantêm o amor à quadrilha participando da produção.
“A nossa mãe fazia os nossos vestidos no mesmo modelo e ficava lindo, então as outras amigas da quadrilha passaram a gostar e pedir o modelo. Tudo começou aÃ, com muito amor e dedicação. Deixamos o tablado, mas durante o São João nos reunimos para matar a saudade trabalhando. É muito puxado, mas vale a pena”, disse Rosi.