Cotidiano

Psicólogo atua na mediação entre desejo dos familiares e pacientes

O objetivo é buscar uma forma de manter a compreensão entre todos os envolvidos, especialmente nos casos em que é necessária realizar a intubação

Uma das funções do psicólogo que atua na linha de frente junto aos pacientes com covid é a mediação entre o desejo dos familiares, pacientes e da unidade hospitalar. O objetivo é buscar uma forma de manter a compreensão entre todos os envolvidos, especialmente nos casos em que é necessária realizar a intubação.

Segundo a Coordenação de Psicologia do Hospital Geral de Roraima (HGR), o medo da intubação vem acontecendo nos pacientes com covid-19 e seus familiares, fazendo com que toda a equipe do setor tenha que lidar com diversas situações relacionadas ao procedimento diariamente.

“Um dos motivos é que no nosso dia a dia ouvimos na TV e vemos nas nossas redes sociais muitas notícias relacionadas à covid. E, dentro disso, inclusive muitas Fake News. Essa grande exposição pode causar esse medo. Além disso, a intubação está associada a maior gravidade do caso e o imaginário de que essa gravidade pode levar à morte”, afirma o setor.

A equipe ressalta que o médico, o fisioterapeuta, a equipe de enfermagem e multiprofissional, entre outros profissionais, trabalham para que isso não ocorra, mas, quando a intubação é algo inevitável, o médico informa tanto a família quanto o paciente da necessidade.

“Devido a toda associação que a família faz, algumas vezes esse procedimento leva a um impasse. E como no caso comentado, pode haver a necessidade do psicólogo intervir, mas temos que deixar bem claro, a intubação é indicação médica”, diz o setor.

O papel do psicólogo, conforme a equipe, não é “convencer” o paciente e/ou familiar. O psicólogo realiza seu atendimento em busca de auxiliar ambos a compreender e lidar com seus medos e angústias frente a isso. E de compreender se paciente e família estão conscientes da gravidade da doença, dos benefícios e dos riscos da intubação antes de tomar alguma decisão definitiva sobre o procedimento.

“Essa importante decisão também pode gerar alguns conflitos familiares e o psicólogo auxiliará na mediação entre as indicações médicas, desejos dos pacientes e de todos os membros da família”, completa.

INTUBAÇÃO – A informação foi reforçada pelo serviço de psicologia do Hospital Geral de Roraima (HGR), após a veiculação da matéria onde o sobrinho do paciente afirma que impediu a intubação do tio na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HGR.

Na situação mencionada pelo familiar Edson Santiago, o setor explica que o atendimento psicológico foi prestado por solicitação médica, pautado na ética e nos protocolos da unidade, bem como dentro dos objetivos da Psicologia Hospitalar.

“Cabe ressaltar ainda, que o serviço foi prestado por uma profissional que é especialista em Psicologia Hospitalar, atua no HGR há mais de 15 anos e possui uma vasta experiência dentro da área”, reforça.

“A avaliação e interpretação dos fatos ocorridos feita pelo familiar, além de individual, podem ter a influência das circunstâncias emocionais que envolvem todo o contexto de uma hospitalização. A intervenção multidisciplinar, como foi realizada sempre é para esclarecer, sugerir e orientar. Nunca é para convencer ou impor”, completou a equipe.

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