A Escola Municipal Centenário de Boa Vista, no bairro Aparecida, zona Norte, desenvolve desde março o projeto Amor Presente, como forma de integrar família, alunos e educadores. O desafio é lançado quando os pais são convidados a assumir por uma hora a sala de aula do filho, com todo o planejamento elaborado por eles.
Voluntariamente, os pais adaptam a aula à sua realidade, falando um pouco a respeito de sua profissão, lendo alguma história ou realizando alguma atividade lúdica. Ao final, as crianças agradecem a visita e refletem sobre a importância do momento e os pais recebem um certificado de participação.
Já passaram pelas 19 turmas da escola cerca de 70 pais, com atividades variadas como exibição de filmes, pinturas, oficinas de culinária e artesanato, brincadeiras, gincanas e até teatro com o tema saúde bucal feito por uma mãe odontóloga. A professora da turma acompanha e auxilia no processo, dando suporte pedagógico para que os pais se sintam tranquilos enquanto estão à frente das aulas.
Quem assumiu a aula desta terça-feira, 28, na turma do 2º período da escola foram os pais da pequena Mirian Ataíde, o servidor público Clayton Ataíde, 40 anos, e Zélia Cristina, 42. Eles contaram a historinha do Patinho Feio para a criançada e abriu espaço para discussão em grupo.
A aluna Míriam, ao ver os pais chegando à sala, ficou toda empolgada e já começou a apresentar o seu irmãozinho caçula para toda a turma.
“É muito importante os pais estarem mais inseridos na realidade da escola. Esse projeto nos passa a sensação de que realmente há uma preocupação com a formação dos nossos filhos. Não só em cumprir aquele papel básico, mas a partir do momento que ela faz questão da nossa presença, você já percebe o valor que é dado à família”, disse Clayton.
Ao analisar a experiência, percebeu-se que muitos pais passaram a ter um olhar mais sensível para a realidade do seu filho, do educador da sala de aula e também da escola. Em relação às crianças, foi constatado o vislumbre, a segurança que a criança sente ao ver o seu responsável tendo interesse nas suas práticas ao ponto de visitar a escola.
“O foco principal é resgatar essa relação entre família e escola, garantindo a efetiva participação dos pais. O interessante é que eles melhoraram bastante no comportamento e no aprendizado. Há um orgulho por parte deles ao ver seu pai e sua mãe ali na frente, falando ou fazendo algo que domina bem no seu dia a dia”, disse Cristiane Barbosa, coordenadora pedagógica da unidade.
PRIMEIRA INFÂNCIA – Esta é uma das ações que trabalha este novo olhar para o desenvolvimento da primeira infância, proposta trazida para a Educação Municipal por meio do Programa Família que Acolhe. As unidades de ensino do município estão inseridas neste contexto, recebem capacitações e treinamentos na intenção de melhorar as práticas educacionais.
Frequentemente são realizados encontros pedagógicos, onde se reúne profissionais da escola, num trabalho articulado de redes, com parceria entre saúde e Assistência Social. Foi em um destes encontros, que surgiu a necessidade de integrar os pais à escola. “Esse projeto possibilitou a criação de uma nova experiência emocional para ambos gerando laços afetivos em todo o grupo”, acrescentou Cristiane.