Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem das unidades de saúde do Estado de Roraima suspenderam as atividades na manhã de ontem, às 7h, pelo período de 24 horas. Os trabalhadores se concentraram em frente aos seus locais de trabalho. A paralisação de advertência foi definida no dia 10 de agosto, durante Assembleia Extraordinária, na sede da Central Única dos Trabalhadores em Roraima (CUT-RR), e confirmada no dia 17 pela própria CUT, entidade representante da classe.
Segundo o presidente do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem de Roraima (Sindprer), Melquizedek Menezes, a paralisação ocorreu em razão da omissão do Governo do Estado em relação à saúde pública. “Nós provocamos uma audiência pública no dia 3 de agosto para colocar não só as reivindicações dos profissionais da enfermagem, como todos os servidores. Além do Executivo, foram convidados os secretários de Planejamento, da Fazenda, da Administração e da Casa Civil. O governo não mandou ninguém”, disse.
Dentre os pontos discutidos na audiência estão o Projeto de Lei 257/2016 e a revisão geral anual referente a 2016, o auxílio-alimentação, chamada dos novos concursados, pagamento do retroativo das progressões, enquadramento dos profissionais da enfermagem no Estado e melhores condições de trabalho.
Conforme Menezes, em cada unidade de saúde do Estado está exercendo o cargo apenas 30% dos efetivados, conforme previsto por lei, e que há revezamento entre os profissionais que estão de fora para que não haja maior desgaste. Informou ainda que também já está confirmada uma greve geral para o dia 5 de setembro.
“Hoje estamos passando por um processo delicado, o profissional de enfermagem está adoecendo devido à sobrecarga de trabalho. Caso o governo não atenda as reivindicações, as quais há muito tempo estamos buscando, a paralisação será por tempo indeterminado”, ressaltou.
APOIO – Uma equipe de aprovados em concurso homologados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) do ano de 2013 esteve na paralisação em frente ao Hospital Geral de Roraima (HGR), no bairro Aeroporto, zona Norte, para dar apoio à causa. De acordo com o presidente dos homologados, Leonardo Fernandes, a equipe representa os mais de 1.580 profissionais da Capital e do interior entre 22 categorias, como enfermagem, psicologia e fisioterapia.
O apoio à paralisação é decorrente do déficit profissional, um dos pontos da reivindicação do Sindprer que implica diretamente na qualidade do serviço. “Há profissionais para trabalhar. Estamos há três anos esperando uma chamada, o concurso já foi prorrogado e o prazo encerra daqui um ano e um mês”, frisou. Ele relatou que os homologados estão prontos para contribuir com a melhoria da saúde do Estado e esperam pelo posicionamento do Governo para ambos os casos. (A.G.G)
Sesau diz que mantém fórum de negociação com trabalhadores
Após as reivindicações feitas pelo Sindicato dos Profissionais de Enfermagem de Roraima (Sindprer), a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que nunca se avançou tanto em relação às condições de trabalho dos servidores da saúde como nos dias atuais, se considerados os investimentos na reestruturação física das unidades.
Por nota, a Sesau esclareceu que possui um fórum permanente de negociação com os trabalhadores da saúde por meio da Mesa de Negociação Permanente do Sistema Único de Saúde (SUS), que reúne gestores, prestadores de serviços e sindicatos da área da saúde, e que uma vez por mês o órgão se reúne para discutir as demandas da categoria.
Frisou que, no mês passado, foram realizadas duas reuniões e diante do indicativo de paralisação a Sesau se reuniu na última quinta e sexta-feira com representantes da enfermagem, a fim de trabalhar em uma proposta satisfatória para ambos os lados. “Além da mesa de negociação, os sindicatos têm livre acesso à gestão da Sesau, que está sempre aberta a receber as reivindicações da categoria”.
Em razão da crise econômica, a secretaria disse que está buscando, dentro de suas limitações, atender às demandas com propostas possíveis de se executar, uma vez que a valorização do servidor é uma das prioridades da gestão. “Vale ressaltar que a greve deve ser a última instância de uma negociação, ou seja, devem ser esgotadas todas as possibilidades de acordo, evitando prejuízos à população”, ressaltou.
REIVINDICAÇÕES – Segundo a Sesau, a maior parte dos itens constantes na lista de reivindicações dos profissionais da área da enfermagem já está em andamento e as principais unidades assistenciais da capital e do interior já receberam reparos que proporcionam um melhor ambiente de trabalho para os servidores.
Além disso, cerca de 700 novos servidores foram nomeados pela atual gestão, sendo este número o equivalente a um quarto da área de enfermagem. “Novas convocações são feitas rotineiramente, de acordo com a necessidade, dentro do limite financeiro orçamentário do Governo do Estado”, declarou.
Em relação aos medicamentos e materiais nas unidades de saúde, a Sesau relatou que rotineiramente são recebidas novas cargas de medicamentos e materiais para atender às unidades, que também estão sendo reestruturadas e equipadas.
“Ocorre que a secretaria precisa adotar todos os trâmites previstos na Lei de Licitações o que, em alguns casos, pode retardar a aquisição ou entrega de algum material ou medicamento específico”, disse. A entidade informou que vem reforçando as ações de planejamento, a fim de evitar o desabastecimento nas unidades.
No que diz respeito ao pagamento de progressões, afirmou que já houve avanço, uma vez que o adicional referente à progressão na carreira está sendo pago. “A proposta é efetuar o pagamento retroativo das progressões de forma parcelada”. Ainda em nota, a secretaria ressaltou que a Gratificação de Assistência Específica (GAE), prevista no Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações dos Servidores Profissionais e Trabalhadores de Saúde do Estado de Roraima, está sendo repassada aos servidores que fazem jus ao adicional.
AUDIÊNCIA – Quanto à audiência na Assembleia Legislativa, ocorrida no dia 3 de agosto, a Sesau esclareceu que não foi convidada a comparecer no evento. (A.G.G)