Cotidiano

Professores indígenas repudiam nomeação de bolsonarista em departamento

Opirr classifica decisão como “autoritária e arbitrária”, pois “atropela e desrespeita os direitos dos povos indígenas assegurados na legislação brasileira e tratados internacionais”

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A Opirr (Organização dos Professores Indígenas de Roraima) repudiou a nomeação da professora Irisnaide de Souza Silva para a diretoria do departamento estadual de educação escolar indígena. Em nota, a entidade classifica a decisão do governador Antonio Denarium (Progressistas) como “autoritária e arbitrária”, pois “atropela e desrespeita os direitos dos povos indígenas assegurados na legislação brasileira e tratados internacionais”.

Ainda na nota, a Opirr reclamou da demora nas nomeações dos três professores indicados na assembleia realizada em junho com a classe, que ainda contou com a presença do secretário estadual de Educação, Nonato Mesquita e de Irisnaide Macuxi, como é conhecida a presidente da Sodiurr (Sociedade de Defesa dos Índios unidos do Norte de Roraima). Segundo a Opirr, a docente, em nenhum momento, manifestou interesse na eleição e tampouco foi indicada por qualquer região, tuxaua ou liderança na ocasião.

Indicados, os professores Edite Andrade e Ednilton André desistiram de assumir o cargo após esperarem, respectivamente, 30 e 60 dias. A terceira colocada, Gleide Almeida, foi nomeada após 44 dias. Ela ficou no cargo apenas 27 dias e foi exonerada sem aviso prévio enquanto estava de férias, relata a Opirr.

Os professores indígenas dizem que Irisnaide Macuxi não representa os professores indígenas, assim como a Sodiurr, que não representa todos os povos indígenas locais. “Não aceitamos a forma que foi conduzida a nomeação, não aceitamos ser desrespeitados, pois temos o direito à consulta. Hoje as comunidades presenciam o descaso com nossas escolas, sucateadas, mesmo havendo emendas parlamentares para construção, reforma, mobílias, transportes escolares em estado precário, merenda escolar faltando itens, falta de materiais permanentes, didáticos e pedagógicos, entre outras mazelas, com cenário de abandono e descaso com os povos indígena”, criticou.

Procurada, Irisnaide Macuxi disse que não vai comentar o assunto no momento. Por sua vez, o governo estadual disse ter “todo respeito e compromisso com as lideranças e povos indígenas” e defendeu que Irisnaide Macuxi também representa comunidades indígenas presidindo a Sodiurr.

Apoiadora de Bolsonaro

Nas redes sociais, ela já postou foto ao lado do governador Antonio Denarium (Progressistas), da primeira-dama Michelle Bolsonaro e da senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF), e declarou apoio às manifestações de rua que contestam a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais.

“Entendemos que houve fraude sim, o povo na rua é democracia pelo Brasil próspero e justo. Não vamos entregar o nosso País para os comunistas. A nossa articulação dos movimentos indígenas de Roraima chegará nas ruas e sem tempo determinado para acabar”, escreveu em 8 de novembro.

Irisnaide Macuxi se candidatou a deputada federal nas eleições deste ano pelo Republicanos (da coligação de Denarium), mas acabou como suplente da sigla após receber 1.514 votos. A professora defende pautas como o desenvolvimento amplo, a produção agrícola e o garimpo nas comunidades.

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