Cerca de 30 professores e servidores da Educação do Município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, Norte do Estado, realizaram uma paralisação de advertência nesta quinta-feira, 22, na quadra coberta ao lado da prefeitura. O atraso de 22 dias no pagamento do salário foi a principal razão para o protesto. Segundo o presidente interino do Sindicato dos Professores e Servidores em Educação do Município de Pacaraima (Sinprose), Leomar Pereira, a paralisação pode ser o indicativo de uma greve da classe.
Conforme o sindicalista, os profissionais estiveram em reunião, na quarta-feira, 21, com o prefeito Altemir Campos, a secretária de Administração, secretária de Educação e com a procuradora de Pacaraima para falar sobre o pagamento, que provém do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Os profissionais deveriam ter recebido o salário no dia 5 deste mês.
Segundo Pereira, a justificativa para o atraso foi que o valor do repasse não está sendo suficiente para a folha de pagamento dos funcionários. “A folha está lotada. Expliquei ontem e em anteriores reuniões, mas eles contrariam a minha questão dizendo que não está”, frisou. Ele explicou que o repasse do Fundeb realmente diminuiu, mas que, em contrapartida, a folha de pagamento aumentou ao invés de diminuir também.
O interino ressaltou que o Sinprose não é contra os contratados, mas sim contra a forma como essas pessoas estão sendo contratadas, às vezes ganhando até menos de um salário. “O objetivo desses contratos é voto, para que se seja eleito o candidato da prefeitura aqui”, denunciou. Ele informou que a possibilidade da greve será discutida junto à classe.
“O sindicato está indignado com a situação com que a classe vem sendo tratada por parte do gestor do município, desrespeito com os professore e técnicos em Educação. Não é como o gestor discursa, que a prefeitura sempre está preocupada com a educação, professores e técnicos, que a merenda escolar é prioridade. Isso não é verdade”, disse.
MAIS PROBLEMAS – A professora Valdeneide Oliveira informou que a precariedade não está só na Educação. “O prefeito disse que não tem culpa do que está acontecendo. Como não tem!? Como alguém está aqui há oito anos e deixa a cidade acabada do jeito que está, com ruas esburacadas, ruas com lixo? Sinto vergonha de dizer que eu moro aqui. Falta água, falta iluminação e ainda vem dizer que não é culpa dele? É de quem então?”, questionou.
PREFEITO – À Folha, o prefeito de Pacaraima, Altemir Campos, relatou que todos os professores têm conhecimento que o Fundeb teve uma queda considerável do ano passado até o momento. Segundo ele, dos mais de 200 funcionários da Educação, apenas 12 se reuniram com ele. “Eu mostrei que a demanda da folha é em torno de R$ 600 mil, mas o que caiu foram cerca de R$ 400 mil”, disse.
Na demanda do Fundeb estão inclusos o pagamento de ônibus escolar e de material didático, além de todo o funcionamento da educação, conforme relatou. O prefeito ressaltou que estão com 12 dias de atraso, enquanto tem município que está com mais de dois meses. Campos afirmou que está aguardando cair a parcela do dia 30 de setembro do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Segundo ele, se cair, espera que dê para completar o pagamento.
O prefeito informou que houve aumento de 3,6% de servidores para toda a classe da Educação, mas que o Fundeb caiu R$ 100 mil por mês neste ano e que ninguém esperava por isso, uma vez que a demanda só cresce. “Só sinto, no meio dos colegas, de estar nessa situação. É uma questão nacional. Nosso repasse vem do Estado, que teve o bloqueio de R$ 25 milhões. Também estamos nesse bloqueio. Vai fazer três meses que eu não recebo. Eu expliquei para eles. Não tenho nada a esconder”, frisou. (A.G.G)