A Escola Estadual Elza Breves de Carvalho, no Conjunto Cidadão, juntamente com a Escola Estadual Luiz Hitler de Lucena, bairro Nova Cidade, foram as primeiras a receberem o sistema de ensino militarizado, em abril de 2016. Antes, elas eram conhecidas na comunidade como locais problemáticos, onde os alunos vandalizavam os prédios, intimidavam professores e em alguns casos tinham os nomes envolvidos em ocorrências policiais.
Com quase dois anos de implantação, a realidade é outra. Conforme o coronel Adelson Filgueiras, gestor da Escola Elza Breves, o ensino militarizado tem rendido bons frutos. Anteriormente considerada uma das unidades com o pior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), a escola hoje conta com alunos aprovados em vestibulares de universidades públicas e em boas colocações em olimpíadas de conhecimento.
“Antes, havia problemas de ocorrência policial mesmo. Briga de alunos de galera, desrespeito entre eles e com os professores. A escola tinha sido reformada três meses antes e já estava toda vandalizada. Os alunos arrebentavam as fechaduras das portas, quebravam as centrais de ar, os braços das carteiras. Era um ambiente hostil mesmo”, relembrou.
Filgueiras afirmou que por conta desse alto índice de violência, a rotatividade de gestores era grande. No último ano, antes da militarização, três gestores passaram pela unidade.
“Eles não aguentavam a pressão e entregavam o cargo. Por conta disso, tinha professores que não davam nem aula, os alunos ficavam na quadra. Diante dessa realidade, o Governo do Estado veio com essa proposta de militarização com base em relatos de outros estados onde a experiência havia dado certo, como no Amazonas”, relatou.
Na reserva há alguns anos, Filgueiras foi chamado pela Secretaria de Educação e Desportos (Seed) para assumir a gestão da Escola Elza Breves. “Vi a elaboração do projeto, fizemos reuniões. A ideia era utilizar a metodologia do Colégio Militar, aceitamos o desafio e logo de início foram militarizadas duas escolas, a Elza Breves e a Hitler de Lucena, no Nova Cidade”, lembrou.
De início, os desafios foram grandes. “Alguns alunos que não queriam estudar, não aceitaram a mudança. Conversamos com os que não tinham interesse pela metodologia, chamamos os pais, demos a oportunidade para eles participarem da melhoria. Os que não se enquadraram pediram transferência”.
Após quase dois anos de implantação do sistema de ensino militarizado, as mudanças são perceptíveis. “O índice de aproveitamento, que antes era de 80% e hoje está em 96%. O Ideb ainda não deu o resultado, mas temos certeza que melhoramos bastante, pois disponibilizamos aulas de reforço. Antes tínhamos alunos terminando o 9º ano que não sabiam ler e nem escrever e somente no ano passado, seis dos que se formaram no Ensino Médio foram aprovados em vestibulares de universidades públicas. Também temos um aluno terceiro colocado em nível nacional na Olimpíada de Matemática”, mencionou com orgulho.
Além do aspecto interno, houve grande melhoria no entorno na escola. “Só a presença da polícia, indo e voltando, a movimentação de militares fardados, inibe a prática de ilícitos. Isso tem uma melhoria em todo o entorno da escola com a implantação deste projeto”, disse.
Filgueiras afirmou ainda que é importante ressaltar que os militares integrantes do quadro de servidores das unidades de ensino não estão em desvio de função. “A maioria estava no quadro de reserva e foi chamada para essa missão. Na escola Elza Breves, de 26 policiais militares, apenas dois estão na ativa. São do gênero feminino, pois no quadro de reserva não tínhamos policiais mulheres. Isso não caracteriza desvio de função, pois a modalidade de policiamento preventivo que mais gera resultado é a de colégio militar”, concluiu.