Especialistas em desenvolvimento infantil, juízes, conselheiros tutelares, enfermeiros, educadores e profissionais das mais diversas áreas se juntaram a mães e pais para compartilhar histórias sobre a fase que vai da gestação aos 6 anos de idade da criança. As discussões ocorreram durante o I Encontro de Troca de Experiências em Desenvolvimento da Primeira Infância do Programa Família que Acolhe, na quinta-feira, 9.
Com o tema “Tecendo Redes da Primeira Infância”, o evento foi um momento para retratar as memórias, compartilhar experiências e mostrar os resultados obtidos nos quase três anos de implantação do programa Família que Acolhe (FQA), uma política pública integrada entre saúde, educação e social, com foco na fase considerada mais importante para o desenvolvimento humano.
Idealizado pela Prefeitura de Boa Vista, o programa fortalece os cuidados com as gestantes, mães e crianças e está fazendo a diferença na qualidade de vida das futuras gerações do município, colocando Boa Vista na condição de Capital da Primeira Infância. “Falar da primeira infância é novidade, então o que a gente está fazendo aqui em Boa Vista também é uma inovação. Hoje estamos sendo apontados como referência no Brasil e até internacionalmente por esse resultado que alcançamos com o FQA, por olhar para o desenvolvimento das nossas crianças da forma correta com a participação de pessoas de todas as áreas. Todos nós somos responsáveis por essa transformação social, não é só prefeitura”, disse a prefeita Teresa Surita (PMDB).
Como resultado do programa, foram lançadas duas publicações. O livro “Memória e Resultados do Projeto de Formação em Desenvolvimento da Primeira Infância” conta os acontecimentos da formação dos profissionais da Prefeitura de Boa Vista para o desenvolvimento da primeira infância em 2014 e 2015. Foram formados 4.609 profissionais de saúde, educação e assistência social, 263 ações de DPI surgiram.
Já os “Cadernos da Equipe e da Família: Toda Hora é Hora de Cuidar” trazem orientações e dicas para as famílias e equipes de saúde sobre os cuidados e acompanhamento das gestantes e crianças. Cerca de 50 mil famílias de Boa Vista vão receber a publicação que é parte do projeto Nossas Crianças: Janelas de Oportunidades.
No encontro houve ainda uma exposição com 18 trabalhos, com foco no desenvolvimento infantil, de autoria de profissionais ligados às redes da primeira infância. Cinco deles receberam menção honrosa.
Para Beatriz Ferraz, gerente de educação infantil da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, que é referência em primeira infância, o trabalho realizado em Boa Vista mostra o quanto é importante investir no desenvolvimento infantil.
“As pesquisas mostram que a cada um dólar que se investe na primeira infância a gente economiza sete na juventude. Trabalhar com a primeira infância é colher resultados a longo prazo, como por exemplo, uma sociedade que alcança melhores perfis profissionais, que tem três vezes menos problemas com saúde, violência, com envolvimento em criminalidade e em drogas. Todo Brasil merecia conhecer e tentar implementar a experiência desenvolvida em Boa Vista”, pontuou.
RESULTADOS – Boa Vista conta com sete Redes da Primeira Infância articuladas pelos Centros de Saúde dos bairros atendidos pelos Cras, que contam com escolas, creches e unidades básicas de saúde. A proposta é ampliar as redes com a participação de toda a sociedade.
O Família que Acolhe foi reconhecido nacionalmente como exemplo de política integrada para a primeira infância pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Boa Vista como modelo de política pública integrada voltada para o desenvolvimento infantil.
A Universidade de New York realizou uma pesquisa que aponta que os pais que participam do FQA estão lendo mais e melhor para os filhos. As crianças atendidas pelo programa tiveram ganho significativo no vocabulário e no desenvolvimento cognitivo, com frequência escolar superior a 90%.