Cotidiano

Prevenção evita câncer de colo do útero, afirma especialista

Ginecologista avalia que falta de informações, pouco acesso à saúde pública e demora nos resultados são principais fatores para que casos continuem crescendo em Roraima

As mudanças de comportamento em relação à vacinação se tornaram motivos de alerta para a saúde pública. Sem a prevenção, o número de casos de câncer do colo de útero tem preocupado a Organização Mundial da Saúde (OMS), que calculou aproximadamente 311 mil mortes de mulheres no ano passado. Uma das formas de evitar o contágio está na vacina contra o papilomavírus humano (HPV) que teve apenas 17,69% da cobertura vacinal em Roraima.

Esse cenário é formado pela propagação de notícias falsas e pouca informação para a população sobre a doença e formas de prevenir. No Estado, de 2015 a setembro de 2018, o Laboratório de Anatomia e Patologia de Roraima (Laper) registrou 111 casos de câncer de colo do útero. A OMS estima a ocorrência de 460 mil mortes por ano provocadas pela doença até 2040.

Para a presidente da Liga Roraimense de Combate ao Câncer, a ginecologista Magnólia Rocha, os números são lamentáveis e demonstram a necessidade de ações urgentes para a saúde pública da mulher dentro do Estado.

De acordo com ela, há uma década, a incidência de câncer de mama era muito maior que a de colo do útero justamente porque havia um trabalho intenso na coleta do material para análise de exame preventivo e eram detectadas as lesões pré-malignas, antes de evoluírem para o câncer. Ela relembra que o número de campanhas era maior e marcar consultas em postos de saúde tinha uma dificuldade bem menor que os dias de hoje.

“Não tinha isso de marcar dois dias na semana, era diariamente. Então, talvez essa limitação de acesso possa estar favorecendo nessa situação de aumento no número de casos, não tenho dúvida nenhuma disso. A verdade é que estamos tendo um retrocesso”, criticou. A médica contou que os resultados dos exames também eram feitos de forma hábil e facilitavam todo o tratamento feito, mas que essa não é a realidade atual.

 Sobre a prevenção da doença através da vacina, já que dois tipos do HPV causam 70% de cânceres de colo do útero e lesões pré-cancerosas, Magnólia acredita que o caminho é uma massificação de atividades dentro das escolas para que os pais e adolescentes ficassem mais conscientes sobre o problema causado pela falta da vacina.

“A vacina não é boa? É lógico que é e ela vai ter eficácia se for realizada antes do início da atividade sexual. Por isso, é na faixa etária que, em geral, as meninas começam a menstruar e poderão iniciar a atividade sexual. Mas isso não quer dizer que ela já vai ter relações”, completou. A médica frisou que a vacina é apenas uma forma de prevenção, sem esquecer o uso de preservativos e que ensinar sobre não é pior do que ter um câncer.

SINTOMAS – De forma silenciosa, o câncer de colo do útero pode se desenvolver por anos sem apresentar qualquer tipo de sintoma na saúde íntima da mulher. Quando há manifestações, o estágio já está muito avançado. Por se tratar de uma doença invasiva, a melhor forma de conseguir detectar e aumentar as chances de cura é através de preventivos, porém, é preciso ter uma assistência melhor para a oferta dos exames.

“Será que os gestores públicos garantiram esse acesso? Está sendo fácil para elas realizarem o exame? Estão podendo ir aos postos de saúde e coletar o material e receber o resultado em tempo hábil para poder iniciar o tratamento da lesão que precede o câncer? As mulheres com câncer estão tendo a garantia de realizar o tratamento na rede pública? Não estão. A partir de quando se tornou difícil?”, questionou a ginecologista. Magnólia explicou que no câncer de colo do útero, já em avanço, significa sangramento nas relações sexuais, secreção vaginal em tons avermelhados e com mau cheiro.