Cotidiano

Por mês, são 30 casos de violência sexual

Nos quatro primeiros meses do ano, foram 120 ocorrências relacionadas à violência sexual contra crianças e adolescentes

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Todos os meses, ao menos 30 crianças, na Capital, veem o sonho de ter uma infância saudável e livre de traumas virar pesadelo por conta da violência sexual infantil. Essa é a média de ocorrências registradas somente no Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (NPCA), da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), onde 90% dos casos envolvem esse tipo de crime.

Nos quatro primeiros meses do ano, mais de 120 Boletins de Ocorrência (BOs) relacionados à violência sexual contra crianças e adolescentes foram registrados na unidade, média de um por dia. Para se ter uma noção da gravidade – e do aumento no número de casos – durante todo o ano de 2015 foram contabilizados 163 registros de estupros e tentativas de estupros contra menores no Núcleo.

A delegada titular do NPCA, Jaira Farias, afirmou que o Estado possui o maior índice de estupros no Brasil. “Existe um alto índice de abuso sexual em Roraima. Quando falo isso, não relaciona somente à violência, mas ao assédio e ao abuso de crianças de todas as idades. Temos que ficar em alerta, porque é algo que vem ocorrendo muito”, disse.

Para ela, a preocupação se deve principalmente às ocorrências de estupro e abuso sexual contra menores. “Todos os dias recebemos denúncias diretas envolvendo maus-tratos e violência sexual contra crianças. O abuso se dá não apenas pelo contato sexual, mas também pelo ato libidinoso, que consiste em passar a mão nas partes íntimas, e outras formas de assédios que são consideradas estupros, não tendo a necessidade de haver o ato sexual para configurar o crime”, afirmou.

O ambiente familiar, de acordo com a delegada, é o principal cenário para a prática da violência. “A maioria dos casos acontece no ambiente familiar, os atos são praticados por pessoas da própria família, sobretudo padrasto, que é o campeão entre os infratores”, informou.

Por lei, é considerada violência sexual contra crianças e adolescentes o envolvimento destes em atividades sexuais com um adulto ou com qualquer pessoa um pouco mais velha nas quais haja uma diferença de idade, de tamanho ou de poder, em que a vítima é usada como objeto sexual. “O nosso trabalho é registrar o B.O. e instaurar um inquérito. E se ficar realmente constatado o ato, indiciamos a pessoa e ela vai responder na justiça pelo crime. Dependendo da gravidade da situação, pedimos a prisão preventiva”, explicou a delegada.

Traumas são para toda a vida, afirma psicóloga

A psicóloga Adriana Barbosa afirmou que os transtornos psicológicos enfrentados por vítimas de violência sexual infantil são inúmeros. “Cada caso é um caso, mas em regra geral os transtornos psicológicos permanecem e se acentuam, principalmente na fase da adolescência. A pessoa pode sofrer depressão, pode se voltar mais para o lado sexual, transferir isso para uma relação sexual mais reprimida, sem conseguir manter relacionamentos e muitos se voltam para o lado da homossexualidade”, avaliou.

Conforme ela, o comportamento retraído e antissocial de crianças pode ser sinal de que algo está errado. “Às vezes, as crianças abusadas são um pouco retraídas, não conseguem ter convivência com outras pessoas, porque muitas vezes o abusador ameaça aquela criança para que ela não conte nada a ninguém. Como acontece em ambiente familiar, pode acontecer de os pais estarem sabendo do abuso, mas não fazerem nada, então é uma situação bem delicada”, disse.

A psicóloga explicou que a escola também pode observar se a criança está tendo um comportamento estranho. “Nesse contexto de violência sexual infantil, a escola tem um papel muito importante, porque dentro do ambiente familiar aquela criança não consegue mostrar o que sente. Mas o ideal é que os pais peçam a ajuda de um psicólogo”, frisou. (L.G.C)

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