Moradores do interior do Estado, em especial dos municípios de Mucajaí, a 52 quilômetros da capital, região Centro-Oeste de Roraima, e São João da Baliza, a 345 quilômetros ao Sul do Estado, estão sofrendo com o atendimento nas agências do Banco do Brasil. As reclamações são de falta de dinheiro nos caixas, demora no atendimento e falta de papel para impressão de extrato ou comprovante.
O funcionário público Marco Antônio do Nascimento, morador de São João da Baliza, informou que desde o início da semana não consegue sacar o dinheiro nos caixas de autoatendimento para pagar as contas e demais despesas. Segundo ele, a agência do banco também atende os moradores de São Luiz do Anauá, também no Sul, e Caroebe, a Sudeste do Estado.
“Dentro da agência é muita gente e o atendimento demora e você não consegue ser atendido. Passamos o Carnaval inteiro sem dinheiro”, lamentou. Conforme relato, o que está ajudando a população daquele município é a amizade com comerciantes que liberam dinheiro mediante transferência dos valores para suas contas bancárias.
O funcionário público destacou o caso das famílias que moram nas vicinais e na Vila de Entre Rios, em Caroebe, que dependem da agência. Nascimento ressaltou que a casa lotérica não resolve os problemas bancários. Segundo ele, o tumulto que se forma dentro da agência compromete o atendimento ao público. “Gera desconforto para ambas as partes. Sabemos que a culpa é do banco, mas cabe aos funcionários nos dar respostas”, frisou.
Em Mucajaí, o comerciante Elcilane Souza declarou que a falta de dinheiro nos caixas da agência tem causado impacto no setor comercial daquele município. Ele explicou que, ao invés de fazer compras no cartão, a maioria das pessoas prefere se dirigir ao banco e sacar para pagar as compras. Com o problema, os moradores de Mucajaí, e do vizinho, Município de Iracema, Centro-Sul do Estado, que também utilizam a agência, têm se dirigido para Boa Vista.
“Tem gente que diz que é exagero, mas basta vir aqui no fim de semana e entrar no banco para sentir a sauna. Além de não ter dinheiro, eles desligam a central de ar”, disse. Em relação ao atendimento físico, Souza ressaltou que apenas um caixa funciona, o que prejudica quem decide resolver o problema com o atendente.
O vereador Ateilton Silva chegou a protocolar um ofício no dia 20 do mês passado informando sobre os problemas, mas que ainda assim não houve dinheiro nos caixas durante o Carnaval. Ele disse que vai protocolar o ofício no Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), no Procon e na Superintendência do Banco do Brasil. Informou que desde outubro de 2016 o problema prejudica a população. “Já houve caso de idosos do interior que se dirigiram à agência precisando sacar dinheiro para comprar remédio e passagem para voltar pra casa, mas tiveram que pedir carona, no final. É constrangedor”, frisou. (A.G.G)
Banco nega problemas no interior
Segundo o gerente de administração da Superintendência Regional do Banco do Brasil, Allen Wyder Arruda, só existe problema de falta de dinheiro nas agências quando há pagamento de servidores próximo do fim de semana. Pelo fato de o banco não ter expediente em dia não útil, o abastecimento não é realizado. Frisou que, na semana passada, esteve em São João da Baliza e que não foi constatado nenhum problema.
“Isso não acontece quando o pagamento cai durante a semana, porque as pessoas sacam e depois é abastecido”, frisou ao acrescentar que o banco teve a opção de fazer o pagamento na Quarta-Feira de Cinzas, mas, para não prejudicar a população, realizou na sexta-feira que antecedeu o Carnaval, tendo em vista que o cidadão poderia usado o cartão.
Ele ressaltou que a situação é mais delicada no interior do Estado pelo fato de o Banco do Brasil ser o único a abastecer os municípios, mas que não houve reclamação das agências à superintendência. “Como não tem comunicação de internet, então não tem muito estabelecimento que aceite o cartão, mas não temos problema durante a semana. Em Mucajaí eu terei que averiguar, mas não recebemos nenhuma reclamação da agência. Se não reclamam, não deve ser problema de máquina”, frisou. (A.G.G)