A Polícia Civil de Roraima (PCRR) convocou coletiva, na manhã desta quarta-feira-, 27, para tratar sobre o suposto sequestro do bombeiro civil Denílson Simões do Nascimento, de 40 anos, que teria afirmado em depoimento que ficou cinco dias em cárcere privado e outros 20 dias escondido em uma área de mata entre os municípios de Mucajaí e Iracema.
O bombeiro, que havia sumido no dia 27 de novembro após ter deixado o carro em um posto de lavagem no bairro Santa Tereza, zona Oeste de Boa Vista, reapareceu na última sexta-feira, 22. No dia seguinte, realizou exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
Conforme a delegada Miriam Di Manso, titular do Núcleo de Investigação de Pessoas Desaparecidas (NIPD), a Polícia trabalha agora com apenas duas linhas de investigação: a de que houve o sequestro ou que o caso possa ter sido forjado por Denílson.
“Ele declarou que foi sequestrado, mantido em cárcere privado e que fugiu ficando vários dias na mata sobrevivendo com alimentação de frutas e peixes. Se levarmos em consideração que as informações são verídicas, podemos dizer que foi uma organização criminosa que praticou o sequestro”, disse.
No entanto, a delegada afirmou que o estado de saúde do bombeiro civil no momento em que ele reapareceu não condiz com a versão apresentada.
“O estado de saúde que ele apresentou depois de ter sido privado de alimentação tanto tempo no meio do mato não é compatível. Ele toma medicação controlada e ficou durante as 21 noites privado da medicação”, informou.
Denílson contou que toma medicamentos para controlar a aceleração do coração para prevenção de infarto, para pressão alta e anticoagulante. Ele alegou que, durante o período em que ficou desaparecido, teria perdido 15 quilos, versão não confirmada pela Polícia.
CATIVEIRO- Outra contradição encontrada pela Polícia durante o depoimento do bombeiro foi quanto as lesões apontadas pelo laudo pericial do IML, que identificou leves hematomas nos punhos e tornozelos que teriam sido causados há uma semana. Denílson revelou, entretanto, que sofreu as lesões enquanto estava em cativeiro.
“Isso gerou incompatibilidade, porque ele disse que ficou apenas cinco dias no cativeiro. Em tese não existiriam as lesões se tivessem sido causadas na data que ele disse”, relatou a delegada.
INQUÉRITO- A Polícia Civil informou que não há prazo para a conclusão do inquérito e que, se confirmada a versão do bombeiro civil, pedirá a prisão dos autores do sequestro. Caso contrário, Denílson irá responder por comunicação falsa e denunciação caluniosa, com o agravante de instauração de inquérito policial.
O caso agora passará a ser investigado pelo Grupo de Repressão a Organizações Criminosas Organizadas (Graco), também da Polícia Civil.