Mais um policial militar foi expulso da Corporação este ano. Dessa vez, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Dagoberto Gonçalves, decidiu acompanhar o relatório final da Consulta de Disciplina que votou pela expulsão do sargento Alfeu de Souza Gentil, que foi acusado e condenado pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico.
O sargento expulso é o policial militar preso durante a deflagração da Operação Livramento, que aconteceu em dezembro de 2014 no município de Caracaraí, Centro-Sul do Estado. Na ocasião, a Polícia Civil prendeu, além do PM, mais 15 pessoas envolvidas com o tráfico de drogas naquele município.
A acusação contra o sargento, mencionada na Consulta de Disciplina, é de que Alfeu repassava informações privilegiadas para a quadrilha que atuava em Caracaraí. Segundo o relatório final, o policial informava aos traficantes sobre horários e locais de realização de rondas, nomes de policiais que estavam de serviços e ainda eventuais operações policiais.
O Conselho informa, no relatório do processo disciplinar, com 601 páginas, que durante as investigações policiais foram feitas interceptações telefônicas que constataram a participação do sargento, durante os anos de 2013 e 2014, tentando “evitar que seus comparsas fossem surpreendidos em abordagens policiais que estavam de serviço e ainda eventuais operações que pudessem ocorrer no município”.
A investigação descobriu que, além de ajudar a quadrilha com informações privilegiadas, houve ocasião em que o sargento da PM se dirigiu à Capital para receber drogas de um fornecedor e as repassava para o contato dele da quadrilha, em Caracaraí, identificado como Cleivan Rodrigues.
O Conselho ressaltou que o advogado do policial militar, ao ajuizar um habeas corpus em favor dele, também o fez em favor dos demais presos na Operação Livramento. Antes da expulsão, o julgamento na Vara Única da Comarca de Caracaraí resultou na condenação de Alfeu com uma pena de 13 anos. A decisão judicial é do dia 16 de março de 2016. A medida de exclusão do sargento Alfeu da PM foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), do dia 25 de abril.
Polícia Militar já expulsou cinco policiais só este ano
De janeiro a abril de 2016, já foram expedidas, pela Polícia Militar de Roraima, sete soluções de Conselho de Disciplina, no Diário Oficial do Estado (DOE), contra policiais que cometeram alguma infração. Ao todo, foram feitas cinco expulsões de policias militares e duas reformas administrativa.
A última decisão foi a do sargento Alfeu, condenado por tráfico drogas por associação para o tráfico. Na mesma publicação, foi divulgada a reforma administrativa de uma soldado não apenas pela “gravidade das condutas” da PM, mas também por ter sido diagnosticada com depressão grave e dependência de álcool, “resultando assim na constatação da falta de condições para o desempenho das suas funções no serviço ativo da Polícia Militar de Roraima”.
Outro policial militar que também foi reformado foi o sargento Jonas Souza Silva, sendo que, além de apresentar problemas de saúde, possuía em suas anotações diversas transgressões disciplinares. O relatório do Conselho de Disciplina aponta, por exemplo, que o PM foi acusado de ter efetuado disparos de arma de fogo na Feira do Passarão em 2013.
MAIS EXPULSÕES – Na lista de expulsões, a primeira exclusão da corporação em 2016 foi a do soldado Felipe Quadros, autor de um triplo homicídio que aconteceu em novembro do ano passado nos bairros Pricumã e Caimbé, zona Oeste.
Outro PM expulso foi o sargento Clhinger de Souza Thomé Guedelha, que foi preso em flagrante em junho do ano passado pelo crime de furto qualificado. Ele é acusado de ter furtado dinheiro do veículo de um empresário local para o qual prestava serviços de segurança particular.
A Polícia Militar também expulsou este ano o sargento Júlio do Rosário Barbosa Pacheco. Contra ele constam acusações de extravio de duas armas de fogo calibre 37 e seis munições, ambas pertencentes à PM. Uma das armas o policial ofereceu em troca de uma caixa de cerveja.
Por fim, foi expulso da PM, este ano, o cabo Robson Lopes Kozlowski. No relatório do Conselho de Disciplina, o cabo é acusado de facilitar a entrada de drogas na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, além de apropriar-se de duas munições calibre 7,62 mm.
PM – A reportagem da Folha tenta desde segunda-feira, 02, uma entrevista com o comandante da Polícia Militar por meio da Secretaria de Comunicação Social. Apesar de reiterar os pedidos por duas vezes, a resposta só foi encaminhada após a reportagem ter concluído a coleta de dados junto aos DOE dos meses de janeiro a abril e ter finalizado a construção da matéria.