Cotidiano

Pesquisa aponta que população acredita que demarcação impede desenvolvimento

Conforme pesquisa do Unama, 58% dos entrevistados consideram que proteção às áreas indígenas contribui para o não crescimento de Roraima

romovida em outubro deste ano pelo Instituto Unama, entidade ligada ao Grupo Ser Educacional, a pesquisa “A Percepção do Boa-Vistense Sobre o Convívio com Estrangeiros” revelou dados sobre a impressão da população sobre os povos indígenas naturais de Roraima e a demarcação de terras indígenas.

Os 626 entrevistados, homens e mulheres acima dos 16 anos, sendo 54% nascidos em Roraima e 39% que não nasceram no Estado, também responderam questionamentos sobre meio ambiente e a influência desses dois fatores no desenvolvimento econômico do Estado. Questionados se admiravam a população indígena, a maioria dos entrevistados, um índice de 66%, afirmou que sim. Um total de 27% negou que admirasse a população e 7% preferiu não responder.

Confrontados com a questão “a população indígena contribui para o desenvolvimento econômico do Estado?”, a maioria dos entrevistados avaliou negativamente. Um índice de 37%, ou seja, a maioria dos entrevistados, afirmou que não considera que a população contribui. Os questionados afirmaram que acreditam que os povos indígenas pouco contribuem para a expansão econômica, com 28%.

Um índice de 21% dos entrevistados afirmou que acredita que a população contribui para o desenvolvimento econômico e um total de 11% afirma que os povos indígenas contribuem muito para o progresso. Os demais, cerca de 4%, não souberam ou não quiseram responder o questionamento.

DEMARCAÇÃO – Outro assunto abordado na pesquisa do Instituto Unama diz respeito ao que os entrevistados sentem à respeito da demarcação indígena e ambiental no Estado. Questionados se acreditavam que o Estado poderia ser mais desenvolvido, caso não existisse proteção às áreas indígenas, a maioria concordou totalmente com a informação (58%) ou concordou parcialmente com a afirmação (17%). Um total de 20% discordou com a afirmação e uma minoria de 4% preferiu não se posicionar.

Com relação a se o Estado poderia ser mais desenvolvido se não houvesse proteção de áreas ambientais, o índice da pesquisa foi similar. Um total de 38% da parcela da população residente na Capital que respondeu aos questionários discordou da afirmação de que a proteção influenciava na falta de desenvolvimento, enquanto 36% concordou com a ideia. Porém, um total de 23% concordou parcialmente com a afirmação de que a defesa ambiental impactava no progresso de Roraima. Uma porcentagem de 4% dos entrevistados não quis se pronunciar a respeito da questão.

ANÁLISE – O doutor em Ciência Política e um dos coordenadores de Estudos e Pesquisas da Unama, Adriano Oliveira, acredita que os resultados da pesquisa devem ser interpretados de duas formas. “A primeira é que a pesquisa revela que os entrevistados admiram e respeitam a população indígena. Por outro lado, a segunda questão, é que os entrevistados observam que as limitações, as demarcações das áreas indígenas, podem impedir o desenvolvimento econômico da região, como, por exemplo, a construção de uma usina hidrelétrica e a passagem de uma estrada”, avaliou.

“Isso pode fazer com que os boa-vistenses partam do princípio de que essa demarcação, essa grande proteção aos indígenas, possa inibir a exploração econômica e o crescimento econômico, mas isso não significa que eles não respeitem os indígenas. Eles respeitam, mas acreditam que a proteção ao indígena, em particular, o ponto da área territorial pode inibir o desenvolvimento econômico da região”, frisou.

O cientista político salientou que o resultado da pesquisa não propõe que a demarcação ambiental ou de terras indígenas contribui ou não para o desenvolvimento do Estado e compreende apenas a impressão da população residente em Roraima, que foi questionada sobre o assunto. “Se isso é verdadeiro, no sentido de que existe essa relação de proteção ambiental, proteção a áreas indígenas, é outra questão. A pesquisa mostra apenas que os leitores associam a proteção à ausência de mais oportunidades econômicas”, frisou.

PESQUISA – O Instituto Unama promoveu 626 entrevistas durante os dias 17 e 18 de outubro de 2017, com pessoas com mais de 16 anos residentes na Capital. A amostra dos entrevistados foi selecionada primeiramente a partir de setores censitários e, em seguida, por um número fixo de pessoas de acordo com sexo e faixa etária.

Os dados da pesquisa do Instituto Unama fazem parte da primeira série de pesquisas que serão divulgadas mensalmente, após parceria com o Grupo Folha de Comunicação. (P.C.)

Maioria dos entrevistados recebe até um salário mínimo

Dos 626 entrevistados, a maioria dos residentes em Boa Vista, sejam nascidos em Roraima ou oriundos de outro Estado, recebe individualmente até um salário mínimo ao mês (52,8%). Em segundo lugar, estão os que recebem até dois salários mínimos (25,1%). Em terceiro estão os que recebem entre dois e cinco salários mínimos (8,6%), seguidos por quem recebe acima de cinco e até dez salários mínimos (4,2%) e, por fim, os que recebem acima de 10 salários mínimos (1,3%). O questionário aponta ainda que 8% dos entrevistados não quis se pronunciar sobre a renda individual.

Com relação à renda familiar, a pesquisa revela que a maioria recebe acima de um até dois salários mínimos (34,4%). Em segundo estão os que recebem até um salário (23,4%), seguidos por quem recebe acima de dois e até cinco salários mínimos (20,2%). O índice de pessoas que recebem acima de cinco e até dez salários mínimos é considerado baixo (5%). Os que optaram por não responder a pergunta somam 7,4% dos entrevistados.

DADOS COMPLEMENTARES – Dos mais de 600 entrevistados, 56,1% eram do gênero feminino e 43,9% do gênero masculino. Do total, 32,7% dos avaliados tinham entre 16 e 24 anos; 36,0% possuíam de 25 a 34 anos; 21,5% tinham de 35 a 44 anos; 8,7% possuíam de 45 a 59 anos e os demais, 1,1%, possuíam 60 anos ou mais.

Aqueles que participaram da pesquisa também deram informações sobre o estado civil, com 52,3% se declarando solteiros; 31,4% se declarando casados; 11,1% afirmando que são amasiados, ou seja, aquele que se juntou numa relação sem vínculo matrimonial, também conhecido como ‘amigado’; 3,7% são separados ou divorciados e 1,5% viúvos.

PESQUISA – Foram realizadas 626 entrevistas durante os dias 17 e 18 de outubro de 2017, com pessoas com mais de 16 anos residentes na Capital. A amostra dos entrevistados foi selecionada primeiramente a partir de setores censitários e, em seguida, por um número fixo de pessoas de acordo com sexo e faixa etária. A publicação dos dados faz parte de uma parceria entre a Unama, entidade ligada ao Grupo Ser Educacional e o Grupo Folha de Comunicação, com o objetivo de proporcionar aos leitores uma visão mais ampla das mudanças ocorridas na sociedade ao longo dos anos. (P.C.)

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.