A produção dos agricultores familiares do Estado está prejudicada em razão da forte estiagem que atinge Roraima desde o final do ano passado. Por falta de água, a atividade produtiva depende agora dos poços que alguns produtores cavaram por conta própria para manter as plantações. A presidente da Federação dos trabalhadores da agricultura familiar (Fetrafeer), Maria Alves, pede auxílio ao governo para o fornecimento de carros-pipas e maior acompanhamento técnico aos agricultores.
Segundo ela, a produção está prejudicada e pode ser reduzida drasticamente por falta de água. “O inverno do ano passado foi escasso e muita gente perdeu sua produção, até mesmo mandioca, o que encareceu o preço da farinha. Nesse ano piorou ainda mais. A produção de tomate também está reduzida”, disse.
Maria Alves relatou também a carência de apoio do poder público para o desenvolvimento do setor, problema que predominou 2015 e permanece até hoje. “O Estado todo está uma calamidade por conta da seca, mas, até o momento, a gente não teve ajuda por parte do governo nem das prefeituras. Alguns municípios dispõem de máquinas retroescavadeiras do PAC 2, o que daria para amenizar a situação cavando cacimbas, pois o produtor teria água para o plantio e também para as pequenas criações de gado que alguns têm. A maioria das prefeituras atende aos fazendeiros, pessoas que têm condições de alugar a retroescavadeira, em vez de atender as pessoas que têm necessidade”, criticou.
ASSISTÊNCIA – O agricultor e secretário da Juventude Rural do Município de Bonfim, Lucas Martins, afirmou que, além da questão da falta de água, o acompanhamento técnico oferecido hoje no município não atende de forma satisfatória os produtores.
“Os técnicos têm vontade, mas não têm estrutura para fazer o trabalho que tem de fazer. Além disso, trabalham com uma realidade que não é a de Roraima”, frisou ao complementar que, durante a seca, os agricultores que não possuem bomba para puxar água não produzem nada, o que afeta o setor agrícola do Estado.
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GOVERNO – Em nota, o Governo do Estado informou que a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) já disponibilizou máquinas escavadeiras, retroescavadeiras e uma prancha para atender a todos aos 13 municípios que estão em situação de emergência. Caroebe foi o último município a ser contemplado por causa da logística, mas os serviços começaram nesta quinta-feira.
Segundo a nota, vários técnicos estão fazendo levantamento com os proprietários nas vicinais e vão a todos os lotes verificar a necessidade da abertura de cacimbas e a localização do lugar ideal para fazer as escavações. O governo diz que conta com o apoio de várias secretarias e órgãos.
Sobre a falta de água, a nota diz que a distribuição de água potável segue normalmente, sem interrupções, em todos os municípios e vicinais que precisam de apoio. “Foram distribuídos cerca de 300 mil litros de água potável desde que iniciou a Operação Estiagem. Foram adquiridas mil caixas d’água, sendo que 150 foram entregues na manhã de quinta-feira, na região Sul do Estado, e as demais serão entregues nos próximos dias, conforme a necessidade de cada localidade”, destacou.
Por causa do aumento da necessidade, a previsão é que cheguem mais seis carros-pipas para dar auxílio à população e, caso algum produtor que ainda não foi atendido esteja precisando do auxílio, pode entrar em contato pelo telefone 199, da Defesa Civil.
