Cotidiano

Orientações sobre bullying diminuem chances de tragédias

Secretaria de Educação orienta criação de projetos para combate a preconceitos; armamento dentro das escolas se torna debate após massacre em São Paulo

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Os muros das escolas parecem não representar segurança como antes. A facilidade para entrar nas unidades educacionais colocou novamente em debate a necessidade de medidas efetivas para evitar tragédias, assim como pontuar as perspectivas sobre jovens e discursos de violência cada vez mais frequentes.

No massacre ocorrido em Suzano, em São Paulo, na quarta-feira, 13, assassinos de 17 e 25 anos entraram em uma escola e mataram 8 pessoas deixando mais 11 feridas. Os criminosos portavam armas, machado, arcos e flechas e um carregador rápido de balas. O ataque foi o nono no Brasil e inspirado em massacres do mesmo tipo registrados nos Estados Unidos.

Após a tragédia, gestores escolares passaram a discutir sobre ações de segurança nas unidades. Em Roraima, a orientação para o desenvolvimento de projetos que incentivam o respeito às diferenças e individualidades dentro das escolas é uma das medidas adotadas pela Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) para evitar a propagação do bullying, que é apontado como uma das motivações para ataques desse tipo.

Por meio de nota, a secretaria informou que as unidades de ensino incentivam o combate às formas de preconceito com atividades pedagógicas e conteúdos curriculares de caráter científico. 

“As escolas são orientadas a fomentar discussões sobre afeto, respeito, carinho e solidariedade. Outra orientação é para que a escola esteja atenta ao comportamento do aluno, com sinais de que algo está ocorrendo dentro ou fora da unidade de ensino”, relatou trecho da nota.

No que tange o atendimento melhor às crianças e adolescentes, a Seed enfatiza o papel da família para que tragédias sejam evitadas. 

“A Seed estudará medidas a fim de reforçar a segurança nas escolas mediante ação de seus departamentos e parcerias com a Polícia Militar com a realização de rondas nas proximidades das unidades de ensino como forma de vigilância e prevenção”, encerrou.

SINTER – Em conversas com os gestores das escolas, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Roraima (Sinter), Flávio Bezerra, ouviu reclamações sobre a falta de vigias nas unidades, que se tornam alvos de furto durante a noite. Com a ausência de uma pessoa nas portarias, o sindicalista destaca que o que aconteceu em Suzano pode se tornar mais próximo da realidade.

 “O número de profissionais, sejam técnicos administrativos, de segurança… não existe. O seletivo que existe é insuficiente para a quantidade de escolas que temos e precisamos que o Estado veja isso com bons olhos. Nas escolas estaduais, na maioria que não possui pessoal, ficamos com a portaria fragilizada para entrada de qualquer pessoa”, sustentou.

Especialistas em segurança pública debatem sobre armamento nas escolas

Depois do caso de Suzano, o senador Major Olímpio (PSL-SP) defendeu o armamento para professores com a visão de que o número de vítimas seria menor ou que o ataque pudesse ser evitado. Favoráveis ao desarmamento destacam que a flexibilização do acesso às armas não evita que crimes ocorram.

PREVENÇÃO E CONVERSAS – “Defender que professores utilizem armas nas escolas demonstra incapacidade dos legisladores brasileiros em elaborar projetos que visem à prevenção da violência nas escolas, inclusão social e políticas públicas voltadas para jovens e adolescentes”, afirmou a especialista em segurança pública, a socióloga Carla Domingues. Ela entende que a invisibilidade social é uma das causas para tragédias como a de Suzano. 

Ainda não se sabe quais os motivos da matança, mas a indicação é que um dos assassinos sofria bullying na escola, que era a mesma em que ocorreu o massacre. 

“Não quero defender os autores que cometeram tal crime, mas quero provocar na sociedade a importância de discutir temas relacionados ao bullying, à maneira inadequada com que os jovens utilizam a internet e à ausência das famílias nas escolas”, completou Carla.

PLANOS E FATOR SURPRESA – O planejamento detalhado do massacre, que durou mais de um ano, é visto como uma das barreiras para prevenir esse tipo de ataque, conforme entende o comandante da Polícia Militar, coronel Elias Santana. A facilidade para a posse de arma após o Decreto nº 9.85/19 não é vista como determinante nesses casos, já que os criminosos utilizaram armamento ilegal.

Mesmo com uma arma no local da tragédia, o policial militar Roney Cruz, bacharel em segurança pública, sustenta que isso não impediria de ocorrer o fato por conta do fator surpresa, mas que poderia ter diminuído a proporção e gravidade do caso. (A.P.L)

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