A expectativa de empresários é que o orçamento da República Cooperativista da Guiana para o ano de 2020 saltará dos atuais US$ 3 bilhões para US$ 9 bilhões. O incremento seria patrocinado pela exploração de petróleo, respaldada em financiamentos de bancos ingleses, principalmente.
A euforia pode aumentar após as eleições previstas para este ano naquele país. O mandato do atual presidente, David Granger, deverá terminar em 2020. Mas ele perdeu a maioria no parlamento e a oposição quer antecipar o pleito. Porém, fontes ouvidas pela reportagem dizem não haver recursos para realização do pleito com a velocidade pretendida.
Nem os reveses que criam incertezas quanto à data de início do processo eleitoral quebram o otimismo que só seria ofuscado pelo atraso da exploração dos campos petrolíferos identificados, ou uma pouco provável crise política entre Guiana e Venezuela, já que os poços estão localizados no mar, na área de litígio.
Se os guianeses estão empolgados com as possibilidades de alto crescimento econômico de seu país, empresários brasileiros também estão animados. Caso a Guiana confirme a triplicação orçamentária, o aumento das relações comerciais viria a reboque, com grandes benefícios para quem tenha negócios em Roraima.
Na lista de possibilidades, está o transporte de cargas e passageiros, que, inclusive, já foi objeto de acordo bilateral. É cedo para qualquer um dos lados arriscar projeções quanto ao volume de negócios e que setores seriam mais beneficiados. Antes da imigração por venezuelanos, era marcante a presença de guianenses nas ruas do comércio boa-vistense.
Do setor de transporte, o empresário roraimense Remídio Monai espera que desta vez a aproximação comercial entre os dois países aconteça de verdade. A partir de fontes extraoficiais, ele tem notícias de que o governo guianense alocará recursos para construção e asfaltamento, ainda este ano, da estrada entre Linden e Mabura Hill.
A continuidade da obra, ligando Mabura Hill e a ponte sobre o Rio Esequibo, se daria em 2020, já com os resultados financeiros da exploração do petróleo. O conjunto de notícias favoráveis é que anima empresários dos dois países.
“Eu penso que a Guiana terá grande importância para nós, de Roraima. Isso acontecerá após a superação de entraves, como a estrada, e dificuldades criadas pelo governo brasileiro para o desenvolvimento do comércio. Vejo uma má vontade do governo brasileiro para com a Guiana. Por exemplo, o Decreto 5.561/2005 – que trata do transporte de passageiros e cargas -, até hoje não foi implementado. A Guiana tem grandes demandas. Se tivermos essa estrada em boas condições, à exceção do arroz, ela poderia importar extensa pauta de produtos nossos”, disse Monai.
O empresário viajaria ainda esta semana para Georgetown, capital da Guiana, onde pretende encontrar-se com dirigentes do governo daquele país. Possivelmente, com o ministro dos Transportes, o dos Negócios, o embaixador do Brasil e lideranças empresariais, para tratar do acordo de transporte de passageiros e cargas.
“Quero reacender o debate sobre o tema para fazer com que esse acordo saia do papel”, comentou.
O petróleo na Guiana
A República Cooperativista da Guiana é um dos países com menor estrutura em todo o mundo. Mas, a antiga colônia inglesa emancipada no ano de 1966 e que faz fronteira com o Brasil pelo Estado de Roraima, poderá ter uma nova realidade.
Há cinco anos, a empresa norte-americana Exxon Mobil Corporation vem anunciando resultados positivos na identificação de ricas jazidas de petróleo em águas profundas do mar guianense.
Apenas um desses poços, o Liza-1, poderá render 700 milhões de barris de petróleo. A soma da produção dos poços já divulgados pode superar a casa dos 4 bilhões de barris de petróleo e gás natural.
O ministro guianense Raphael Trotman informou que o Liza-1 tem possibilidade de conter riquezas 12 vezes mais valiosas que o PIB de seu país.