Cotidiano

Operação Quelônios aplica R$ 221 mil em multas na região do baixo Rio Branco

Fiscalização combate caça de tartarugas em seu período de desova, quando traficantes vendem os animais para o Amazonas

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A “Operação Quelônios da Amazônia” (QPA), que combate a caça de tartarugas no período de desova na região do baixo Rio Branco, já aplicou R$ 221 mil em multas e apreendeu 6 motores de embarcação do tipo “rabeta” e 14 redes de pesca do tipo “capa-saco”. A ação foi realizada de 16 a 29 de novembro e irá se estender até fevereiro, quando finda o período de desova das tartarugas. Além de focar no Projeto Quelônios da Amazônia (PQA), que visa preservar estes animais, o combate integra a “Operação Sirênios II”, que desde o mês de outubro faz o reconhecimento do Rio Branco, o principal do Estado.

Participam das Operações a Companhia Independente de Policiamento Ambiental da Polícia Militar (Cipa), Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), Polícia Civil em Caracaraí, o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), Floresta Nacional de Anauá (Flona Anauá) e as Estações Ecológicas (Esec) de Caracaraí e Niquiá.

O diretor do monitoramento e controle ambiental da Femarh, Mazenaldo Costa, disse que de outubro a fevereiro as tartarugas tracajás, da Amazônia, cabeçudas, irapucas e iaçás sobem para as praias ao longo do rio, pondo de 50 a 60 ovos cada, que, por sua vez, levam 60 dias para eclodirem. A desova geralmente ocorre durante a noite e os quelônios chegam bem debilitados, pois nadaram contra a correnteza. Os traficantes, chamados de “tartarugueiros”, aproveitam para capturar os animais em cercados improvisados próximos às praias, aonde chegam a manter 300 animais de uma vez, que são revendidos para atravessadores do Amazonas ou do próprio Estado de Roraima.

Estes cercados são difíceis de serem enxergados. Junto com eles, os traficantes usam a chamada “rabeta”, motor de uma embarcação rápida, eficiente dentro de igarapés, e a rede “capa-sapo”, que envolve os animais debaixo d´água. “Esse capa-sapo custa até R$ 3 mil e pode ter 200 metros de comprimento. Ele pode matar as tartarugas se não for logo retirado da água, pois elas vão até a superfície para respirar”, explicou. Depois elas passam semanas no cercado à espera dos atravessadores, quando são amontoadas dentro de embarcações e correm o risco de morrer no caminho. “É uma crueldade muito grande com os animais. Teve um colega nosso que encontrou uma tartaruga já adulta com apenas 2 kg de peso, desidratada, pois elas ainda por cima ficam no sol enquanto os atravessadores não vêm comprá-las”, indigna-se Mazenaldo Costa.

ABORDAGEM – Só no primeiro dia da Operação Quelônios da Amazônia, 20 animais foram encontrados vivos e cinco, mortos, na foz do Rio Itapará, proximidade da Vila de Santa Maria do Boiaçu, no Baixo Rio Branco, Sul do Estado. Os infratores foram autuados. Próximo à Vila do Sacaí, três quelônios mortos e um vivo estavam enrolados em um “capa-saco”. Os donos do material haviam fugido.

Na Ilha do Breu, próximo à Vila da Dona Cota, os fiscais chegaram a três currais desativados, de onde centenas de tartarugas já haviam sido roubadas para Manaus (AM). O dono de um “capa-saco” foi apreendido. Em todos os lugares foram vistos os motores tipo “rabeta” e as canoas simples, que foram destruídos juntamente com as redes. Os traficantes compram materiais de baixo valor para que possam fugir sem ter tido perdas consideráveis. A caça predatória das tartarugas também afeta outros animais, como ariranhas, botos e peixes, que podem ser capturados e mortos pelas redes dos contrabandistas.

As tartarugas encontradas vivas passam por um descanso para então serem devolvidas ao rio. Entre 2014 e 2015, 70 mil quelônios conseguiram nascer graças à intervenção da Operação Quelônios da Amazônia e do Projeto Quelônios da Amazônia, sendo 38 mil somente no ano passado. Cerca de 1,5 mi de hectares estão sob a tutela do Projeto, fiscalizado pela Femarh.

Mazenaldo Costa explica que as tartarugas são alimentos dos ribeirinhos. Mas há muitos pratos refinados com essas espécies, sendo servidas principalmente nas festas de fim de ano. “Mas é muito importante que as pessoas não as comprem entre outubro e fevereiro, pois é um crime ambiental, com multa começando em R$ 5 mil. São animais ameaçados de extinção. É importante deixá-los procriar. Além disso, as tartarugas são indicadoras de que o ambiente está equilibrado, pois com muita poluição elas não conseguem desovar”, pede o diretor de monitoramento e controle ambiental.

OPERAÇÃO – Realizada simultaneamente, a “Operação Sirênios II” abordou embarcações descendo ou subindo o Rio Branco, verificando quais peixes haviam sido pegos e se os pescadores estão com as carteiras emitidas pela Femarh, que registra e controla o número de pescadores e o local em que atuam, bem como a sua embarcação. Nesta época também acontece a pesca esportiva na região do rio Itapará e o avistamento dos peixes-boi, sendo importante a fiscalização da movimentação de barcos, turistas, combustíveis e alimentos. (NW)

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