A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 50% da população nacional estão com obesidade. Segundo a nutricionista Andréa Oliveira, as crianças são mais afetadas pela doença, uma vez que além da influência dos pais, a mídia propaga os alimentos que não são apropriados. A obesidade traz como consequência inúmeros problemas de saúde, podendo levar até a morte.
Em relação à divulgação da mídia, a indústria, vez ou outra, diminui a quantidade de sódio e aumenta o preço dos produtos, para tentar, na teoria, diminuir o consumo da população. “Eu acredito que a melhoria disso ainda está dentro de casa, com a conscientização dos pais e dos filhos em ter uma alimentação saudável”, relatou. A nutricionista informa, em média, de 15 a 20 crianças por mês com excesso de peso, o que engloba sobrepeso e obesidade.
A diferença entre as doenças está no Índice de Massa Corporal (IMC). De acordo com Andréa, no caso de crianças ele é mais relacionado no percentil. Em um adulto, se o IMC for 18,5 até 24,99 é adequado. “Para a criança calculamos o IMC e colocamos em uma tabela que vai mostrar se ele está acima do peso ou não”, disse. Andréa disse que se a criança estiver acima de 97 já está com sobrepeso e, em alguns, até com obesidade.
Para a nutricionista, o consumo da população com alimentos ultraprocessados cada vez tem crescido mais. Esse tipo de alimento tem a origem do in natura tão modificado que chegam a perder toda a fruta, a exemplo, os sucos em pó. Além de possibilitar doenças crônicas futuras, os alimentos industrializados também estimulam o diabetes. Andréa relatou que atende diversas crianças com diabetes e colesterol alto.
Segundo ela, os pais não têm tido o cuidado especial com as crianças. “Temos constatado um alto consumo de bolacha recheada, sucos artificiais, miojo, como se fosse uma alimentação excelente”, ressaltou. O miojo, até mesmo só o macarrão, não é benéfico por ser pré-frito, então já possui uma quantidade de gordura considerável sem o tempero. As crianças estão deixando o natural para consumir o artificial, perdendo o benefício que os alimentos trazem principalmente frutas e verduras.
A nutricionista relatou que a população nortista não tem o hábito de verduras. “Os adultos não consomem, aí se o pai não gosta de verdura, ele não leva essa compra para casa”, disse. A atitude acostuma a criança a não comer os alimentos, prejudicando o sistema imunológico que não é fortalecido. As vitaminas e sais minerais contidos nas frutas e verduras participam das reações químicas do corpo, fortalecendo o sistema imunológico e o crescimento.
Quando uma criança que passa do aleitamento após os seis meses de vida tem uma boa orientação na iniciação dos alimentos, dificilmente ela terá algum problema, tanto de obesidade, como de baixo peso. Andréa frisou que essa fase é a mais importante para a criança no que diz respeito à alimentação e que o problema de comer vem da introdução dos alimentos, quando os filhos ainda são novos.
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“Os pais devem priorizar os alimentos mais naturais possíveis. Infelizmente há pais que não têm o privilégio de ter alimentos frescos por perto, o que não é o nosso caso. Roraima é rico em frutas, pode-se consumir à vontade”, pontuou. Ela mencionou que a criança que ingere os alimentos ultraprocessados está sujeita a ter colesterol e triglicérides elevados, mais possibilidade de futuramente ter problemas cardiovasculares e pressão alta. Há também pesquisas atuais que mostram a interação dos alimentos embutidos, que são produzidos ao encher tripas de animais ou sintéticas com diversos tipos de recheio, com o câncer.
“Não quer dizer que a pessoa não possa comer alimentos industrializados, mas isso não deve virar uma rotina, algo que ela vá consumir como alimento principal”, alertou. Um sanduíche ou uma pizza não devem ser consumidos toda a semana. Frituras, carnes gordas, alimentos embutidos e enlatados, que têm muito sal e aditivos para conservação, são os que devem ser evitados.
Para Andréa, é preciso propagar a alimentação saudável por ser um remédio que tanto pode trazer qualidade de vida, como também pode matar. Se a pessoa se alimenta adequadamente, ela previne inúmeras doenças. Se ela come mal, estará propiciando alimentos futuros. “A ciência está comprovando a cada dia que os alimentos industrializados fazem mal à saúde. O consumo de frutas e verduras deve voltar a ser principal”, ressaltou.
DADOS – Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 apontam que 56,9% dos adultos brasileiros com 20 anos ou mais estão com excesso de peso. Quando avaliados os dados de obesidade, 20,8% foram constatados. Já entre os adolescentes, a obesidade alcança 8,4% dos jovens entre 12 e 17 anos. Além disso, 17% deles estão acima do peso ideal, segundo o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica), do Ministério da Saúde (MS). O levantamento também mostra que um em cada cinco adolescentes hipertensos, o que corresponde a cerca de 200 mil, poderia não ter esse problema caso não fosse obeso.
CERNUTRI – No Centro de Referência Nutricional (Cernutri), localizado na Avenida Ataíde Teive, bairro Liberdade, zona Oeste, o atendimento é referenciado dos postos de saúde, do Hospital da Criança Santo Antônio e em livre demanda. O responsável marca a consulta, que por enquanto só é realizada pela manhã e, se for detectado o baixo peso, a criança é levada à semi internação. Se não for, faz o acompanhamento ambulatorial.
O Cernutri funciona de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h. As crianças do acompanhamento ambulatorial, de até 14 anos, passam o dia no local e fazem a alimentação com instrução e orientação. Para a semi internação, são atendidas crianças até os cinco anos. (A.G.G)
