Cotidiano

Números do IBGE mostram que taxa de desemprego subiu para quase 10%

Apesar desse dado negativo, ao longo do ano o número de admissões superou o de demissões em 625 pessoas

Números do IBGE mostram que taxa de desemprego subiu para quase 10% Números do IBGE mostram que taxa de desemprego subiu para quase 10% Números do IBGE mostram que taxa de desemprego subiu para quase 10% Números do IBGE mostram que taxa de desemprego subiu para quase 10%

Os dados mais atualizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que no trimestre de julho a setembro a taxa de desemprego em Roraima foi de 9,7%, maior que os 8% do trimestre anterior.

Até então, o maior índice havia sido dos meses de julho a setembro do ano passado, quando a porcentagem de desempregados no Estado alcançou 9,3%. Em todo o Brasil, o índice é de 11,8% no mês de outubro.

Ainda assim, de janeiro a outubro deste ano, o mercado roraimense admitiu mais do que demitiu: o saldo é de 625 pessoas. No Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), também consta que em 2016 houve mais contratações. A porcentagem de admissões na indústria mecânica foi de 61,11%; 60,61%, na administração pública; 51,79%, em serviços; 57,4%, em extração mineral; e 56,97%, na agropecuária, extração vegetal, caça e pesca.

Em compensação, houve mais desligamentos na indústria de transformação (50,47%) e na construção civil (51,79%). Outras áreas podem ser consultadas no site do Ministério do Trabalho (www.trabalho.gov.br).

SINE – No Sistema Nacional de Emprego de Roraima (Sine), no bairro Mecejana, zona Oeste, 2.954 pessoas cadastraram ou atualizaram seus currículos só no último mês de outubro. Mas apenas 93 vagas foram ofertadas por empresas no mesmo período. 450 pessoas cadastradas foram chamadas pelo órgão para serem entrevistadas e, até o momento, apenas 38 delas haviam sido contratadas.

Ainda assim, para o coordenador do Sine, Nahylton Távora, o aproveitamento foi considerável: 41%. “Ainda aguardamos o retorno pelas empresas das cartas que emitimos quando enviamos um trabalhador, o que costuma acontecer lá pela primeira quinzena de dezembro, para sabermos se houve mais contratações”, explica.

A maioria das vagas é nos setores de serviços e comércio (vendedores e assistentes administrativos, por exemplo), para o nível médio. Nos últimos meses, houve um crescimento para o nível superior completo. No SINE, o currículo na verdade é um cadastro digital com todas as informações sobre o candidato, como a área que está buscando. Quando uma empresa abre uma vaga e envia o perfil desejado para o cargo, o órgão faz uma varredura até encontrar cadastros correspondentes àquele perfil indicado. “Por isso, é importante frisar que não somos nós que geramos as vagas nem que fazemos as exigências para os cargos, só fazemos um encaminhamento”, destaca.

No entanto, Nahylton Távora observou que muitos não conseguem ser encaminhados para entrevistas por dois motivos: ou não têm qualificação, ou não têm experiência comprovada em carteira assinada. A equipe do órgão tem entrado em contato com os empregadores para flexibilizar essas exigências, enfatizando a necessidade de seu público por trabalho. Em alguns casos, a empresa aceitou experiências informais.

“O mercado não está nem um pouco flexível, querendo pessoas prontas, e não alguém que ‘faça qualquer coisa’. Por causa da crise, ele se retrai, fecha empresas. Antigamente, era comum entrar numa loja de varejo e ver 4 ou 5 vendedores num balcão, um caixa e um gerente. Hoje, você chega e o gerente também é vendedor, há mais um vendedor e então o caixa. Eles estão reduzindo e não estão querendo perder tempo treinando pessoal”, lamenta o coordenador.

Nas palestras realizadas pelo Sine para orientar seus candidatos, é pedido que eles tenham foco no cargo que desejam e evitem mudar de área nesse período de aperto econômico. Nahylton Távora recomenda se especializar no que a pessoa já faz para que esta tenha mais chances. “Não diga que quer fazer ‘qualquer coisa!’”, aconselha.

Desempregados buscam colocação no mercado de trabalho roraimense

Com o currículo do filho de 19 anos em mãos, em busca de vaga no Sine, o vendedor externo Leonízio Carlos dos Santos disse que o rapaz chegou de Manaus (AM) no sábado, onde já estava desempregado há um mês. O último trabalho dele havia sido de motorista, sem carteira, mas aqui ele não tem preferências por cargos. “Eu e minha esposa trabalhamos em casa e o salário é pouco. Ele fica incomodado, pois quer ter as coisas dele e não podemos dar, então ele quer urgentemente começar a trabalhar”, disse.

O haitiano Edouard Willyguens, que está há dois meses no Brasil, andava com uma mochila contendo todos os seus documentos. “Sou operador de computadores e falo inglês, francês e espanhol, mas português ainda falo pouco”, disse.

Felipe Gomes havia trabalhado pela última vez como açougueiro, há um mês. Contando apenas com o salário da esposa, que cuida de crianças, ele se preocupa com a dificuldade em encontrar trabalho. “Está cada vez mais difícil, ainda mais com os venezuelanos ocupando as nossas vagas”, desabafa.

Mas há quem dê a volta por cima. A pedagoga e maquiadora profissional Raquel Araújo foi desligada de uma emissora de TV após 1 ano e 8 meses de serviço. Apesar de ter cursos no exterior no currículo e de ter um estúdio autônomo, ela ficou preocupada em não conseguir uma recolocação e em não conseguir se manter apenas com o trabalho informal. Foi quando decidiu criar um camarim móvel, que percorre Boa Vista.

“Levo o meu estúdio, que antes era fixo, para todo lugar. Dessa maneira, preservo as clientes que tinha e ganho novas, porque o meu camarim tem comodidade, promoções e qualidade no atendimento”, disse. Além disso, Raquel criou uma loja virtual de moda praia e acessórios. “Com isso, consigo fazer malabarismos e driblar o desemprego, trabalhando para mim mesma com horários pré-agendados. Costumo dizer o seguinte: Se você tem talento para algo, explore-o!”, aconselhou. (NW)

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