Cotidiano

Número de empresas conduzidas por mulheres aumenta, mas homens ainda são maioria

As mulheres não chegam a representar 32% dos empreendedores no País, conforme pesquisa feita pelo Sebrae

A cada ano que passa, cresce o número de mulheres a frente de um, dois, três ou mais empreendimentos em Roraima. Porém, embora sejam a maioria da população brasileira, as mulheres não chegam a representar 32% dos empreendedores no País, conforme a pesquisa ‘Os Donos de Negócio no Brasil: análise por sexo (2001 a 2014)’, feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Em Roraima, os homens eram donos de 57.602 empresas, o triplo do número de mulheres proprietárias de empresas, com pouco mais de 17 mil registros. Isto deixou Roraima no último lugar no ranking de Estados pela proporção de mulheres. Mas esta realidade está mudando e é perceptível ao andar pelos corredores do Roraima Garden Shopping.

Os números falam por si só. Das 87 lojas em funcionamento no mall, 34 são de propriedade de mulheres. Estima-se ainda que 52% dos cargos de gerência são ocupados por elas também, ou seja, tem em suas mãos a confiança de tocar uma empresa com uso de conhecimento e maestria.

É o caso de Darclei Cerquinho, que há sete anos trouxe para Roraima a franquia Uatt?. Antes de abrir a loja no Roraima Garden, a empresária mantinha o negócio no antigo Boa Vista Shopping, no bairro 31 de Março, e viu a boa aceitação da população com a chegada de dois shoppings centers.

Mesmo com os altos e baixos da vida de empresária, Darclei não se abala quando algo não sai como esperado. Dedica-se à família e amigos e sempre procura marcar presença em todos os encontros. “Pelos negócios ficaria 24 horas na loja, mas concilio tudo”, brinca e ressalta a participação do marido nas tomadas de decisão.

Os sonhos de Darclei não param por aí. Ela tem como meta crescer financeiramente e gerar mais empregos. O sucesso, segundo ela, chega para quem gosta do que faz, tem tempo para se dedicar à empresa e sabe realmente o que quer. “O restante é consequência”, diz. “Eu costumo dizer que quando vou para o trabalho é como se eu fosse para uma festa me encontrar com os amigos. É só alegria”, compara, de maneira divertida, sobre o que gosta de fazer.

Quem também gosta do que faz é Cinthia Prado. Em 2012, ela passou a empreender e com cinco lojas – entre elas Morana Acessórios, Puket e Imaginarium – conseguiu administrar a vida de mulher de negócios com a maternidade. “Estou nas lojas durante a semana enquanto as crianças estão na escola. Mas os finais de semana são da minha família”, diz orgulhosa.

A ajuda das equipes é essencial para que Cinthia continue focada nos negócios. “O foco deve ser nas pessoas, tanto na equipe, quanto nos clientes. Equipe treinada e feliz no local de trabalho faz toda a diferença na hora de atender nosso público”, afirma.

E, para ela, uma loja abastecida e organizada, acolhimento cordial dos vendedores e uma boa gestão são fundamentais para o sucesso da empresa. A ida para um shopping center foi importante na carreira empresarial de Cinthia, que viu crescimento nas vendas ao comparar com as lojas de rua anos antes. “O cliente encontra um ambiente mais seguro, climatizado e tem mais opções de produtos em um mesmo local, além de alimentação e entretenimento”, confirma.

A empresária incentiva outras mulheres a seguirem o caminho do empreendedorismo e dá algumas dicas para quem ainda não teve a coragem de arriscar. “É muito importante escolher um segmento ou franquia que se identifique e goste, pois o negócio fará parte da sua vida”, explica.

Colega de shopping de Cinthia, Ana Paula Martins conheceu a marca Santa Lolla durante um passeio por Manaus. E mesmo sendo servidora pública concursada, percebeu que era hora de aumentar a renda e ter o próprio negócio. Mas antes de arregaçar as mangas, Ana fez um MBA em Gestão Empresarial e assim inaugurou a franquia no Estado.

Depois de abrir a primeira loja, Ana Paula não parou mais e hoje é dona de mais três lojas no shopping, de diferentes segmentos: Risotto Mix, Clube da Criança e o Salão Ume e Estética. Os primeiros dois anos de implantação das lojas foram de inteira dedicação da empresária. E hoje, graças aos cursos feitos por ela, conseguiu otimizar o tempo e torná-lo dividido e organizado. Pela manhã, ela se dedica às lojas do Garden e, à tarde, é a vez de trabalhar na Clínica Renal e dar atenção aos quatro filhos. “Me sinto plena e completa. Tenho condições de me dedicar a minha família e estar feliz nos negócios”, comenta.

A formação da empreendedora a fez perceber que o principal foco para administrar as empresas está na eficiência da gestão. “Desenvolver cada setor e analisar resultados é meu maior foco e, com isso, mensuro o rendimento de cada segmento e os pontos críticos a serem solucionados”, explica.

Em um mercado em que a maioria dos empreendimentos são guiados por homens, Ana Paula revela uma certa resistência quando descobrem que uma mulher está por trás do sucesso de algumas empresas. E o que ela faz? A dinâmica do trabalho que executa não a permite perceber a chamada resistência masculina. “Toda vez que me pego em alguma situação que possa se dever a isso, trato de solucionar! É meu objetivo e não dou ênfase a nada que atrapalhe meus resultados”, afirma.

Disciplina: essa é a palavra-chave que Ana Paula carrega todos os dias para empreender. Ela aconselha que a mulher precisa encarar o mercado e levar consigo as seguintes determinações passo a passo: “Sonhar, planejar, organizar, executar, persistir e ter muita disciplina”, reforça.

Participação de mulheres aumentou nos últimos anos

Ainda que os homens sejam a maioria à frente das empresas, a taxa de expansão das mulheres superou a deles. Conforme o estudo do Sebrae, a participação relativa das mulheres era de 29% em 2001 e passou para 32% em 2014, se estabilizando em 31%, enquanto a dos homens perdeu três pontos percentuais, passando de 71% no início da década passada para 68% em 2014. Isso significa dizer que há uma tendência à expansão da participação relativa delas no total de negócios no País no longo prazo.

O aumento do número de empresas abertas pelas mulheres, segundo o Sebrae, pode estar ligado ao desempenho apresentado pelas empresas delas e à representatividade da força de trabalho feminina, bem como pela redução dos empregos próprios representa uma alternativa para que elas criem o próprio trabalho e de outras pessoas também.

Apesar de as mulheres com negócio terem, em média, mais anos de estudos que os homens, o rendimento médio delas era, em 2014, de R$ 1.577,00, enquanto eles recebiam, em média, R$ 2.252,00, ou seja, o rendimento médio das donas de negócio era 30% inferior ao dos homens. Quanto à idade, as mulheres com negócio tinham 43,7 anos de idade enquanto os homens com negócio tinham 45,1 anos.

A presença delas é proporcionalmente mais elevada nos setores de serviços e comércio. Em geral, há forte semelhança entre as atividades mais frequentes conduzidas por elas e por eles. No comércio, as mulheres voltam a atenção para o comércio de vestuário, farmácia e perfumaria, venda por catálogo, TV e internet. No grupo dos homens predominam os segmentos de reparação de veículos, atacado e material de construção. Já na indústria, 79% dos homens estão concentrados em um único segmento: construção, enquanto elas preferem atuar na confecção de vestuário, malharia/bordados, roupas sob medida e alimentos.

Elas também figuram no setor agropecuário e preferem trabalhar com criação de aves e hortifrutigranjeiros, enquanto eles se voltam para as atividades de produção mista e pesca. Ambos trabalham com gado bovino, cultivo de mandioca e do milho.

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