De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), o número de casos de Aids em Roraima diminuiu. Até o momento, 190 casos foram registrados, o que representa uma queda de cerca de 20% em comparação com os 240 casos diagnosticados em 2015. Contudo, a psicóloga da Associação de Bem com a Vida (ABV), Bruna Azevedo, destacou que, apesar dos resultados positivos, muitas pessoas vivem com o HIV e não sabem.
O fator primordial é que a maioria das pessoas têm medo de fazer o teste e, além disso, o HIV é uma doença silenciosa. “É possível conviver com ela por 10 anos, o que dificulta o diagnóstico”, disse. No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, 1º de dezembro, ela informou que a ABV está trabalhando com foco nos adolescentes, trazendo a reflexão da proteção e saindo da ideia de que só o preservativo previne.
Segundo a psicóloga, o trabalho está sendo realizado junto às novas tecnologias de prevenção, conforme o protocolo do Ministério da Saúde. Após análise em resultados de pesquisas na área da saúde, foi verificado que, na maioria dos casos, as pessoas não usam o preservativo, principalmente se estiverem em uma relação estável. Uma das novas tecnologias citadas por ela foi a Profilaxia Pós-Exposição (PEP).
A PEP é um tipo de medicamento que se compara a pílula do dia seguinte. O indivíduo deve tomá-la após se expor a algum risco, no prazo de no máximo 72 horas, com duração de 28 dias. De acordo com Bruna, o medicamento barra a entrada do HIV no corpo, caso tenha contato com o vírus. “Hoje se fala em prevenção combinada, uso da PEP, preservativo e fazer o teste periodicamente”, relatou.
Bruna ressaltou que não existe apenas o HIV e que é preciso ter a reflexão. Ela explicou que é perceptível que o preservativo não está sendo utilizado, já que o Brasil está passando por um novo surto de sífilis.
Conforme divulgado pelo Ministério da Saúde em outubro deste ano, a taxa entre gestantes aumentou de 3,7 para 11,2 a cada mil nascidos vivos entre 2010 e 2015.
Além disso, a psicóloga frisou que a doença não atinge só homossexuais. “Isso foi algo que se criou quando a epidemia surgiu, porque a região de sexo anal é muito mais propensa a transmitir o HIV, pela ausência de uma lubrificação natural, então apareceu principalmente dentre os homossexuais”, explicou. Por ser minoria, o mito ficou mais estigmatizado ainda, mas hoje já houve uma inversão, porque o HIV, atualmente, está predominando nos heterossexuais.
De acordo com Bruna, a cultura foi criada em volta de um público, mas todos estão correndo o risco. Ela pontuou que hoje não se trabalha mais com grupos de risco e que existem comportamentos que podem colocar a pessoa em vulnerabilidade, como não usar o preservativo.
BOA VISTA – A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informou que, em 2015, 224 casos de HIV e 125 casos de Aids foram notificados na capital. Este ano, até o mês de novembro, foram identificados 135 casos de HIV e 93 casos de AIDS. A SMSA ressaltou que a Aids já é o estágio mais avançado do HIV, doença que ataca o sistema imunológico. (A.G.G)