
Em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Folha FM, neste domingo (7), o presidente eleito do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter), que toma posse em 20 de dezembro, afirmou que a nova gestão será marcada por “mudança de postura, transparência e diálogo”.
O professor Márcio de Jesus classificou a eleição como “emocionante” e “histórica” para a categoria. Segundo ele, o grupo reuniu professores, técnicos e servidores estaduais e federais. “Formamos uma chapa representativa de todos os segmentos, com articulação e muita coerência chamada Muda Sinter “, explicou.
Quais mudanças terão no Sinter?
Dentre as mudanças apontadas por Márcio, a principal será na relação da base com a categoria. “Vamos reorganizar o atendimento, informatizar o sindicato e dialogar com todos os grupos. O Sinter sempre foi visto como dividido e queremos encerrar isso”, disse.
Sobre as contas do sindicato, o presidente eleito confirmou que a nova gestão fará auditoria.
“Essa é uma preocupação de todos os sindicalizados, precisamos conhecer a real situação do Sinter, e a forma de fazer isso é por meio de uma auditoria conduzida por uma equipe técnica, administradores, contadores e advogados preparados para esse trabalho”, afirmou.
O novo presidente informou que atualmente o Sinter conta com mais de 5 mil sindicalizados, segundo ele, número considerado móvel, devido a aposentadoria e desligamentos.
Plano de carreira
O presidente destacou que a elaboração de um novo plano de carreira para os profissionais da educação será construída em diálogo com o Poder Executivo, já que a medida implica impacto financeiro.
“O primeiro passo é abrir uma mesa de negociação para apresentar nossas propostas de reestruturação e ouvir a posição do governo. As carreiras já passaram da hora de serem reformuladas, e esse será um tema prioritário na nossa gestão”, afirmou.
O governo fala em valorização, mas isso só se concretiza com carreira digna, complementou. “Precisamos reorganizar os planos, corrigir distorções e garantir aposentadoria justa”, disse Márcio.
Ele destacou que professores estaduais têm progressões horizontais garantidas apenas nos primeiros dez anos, enquanto técnicos educacionais chegaram ao limite da última progressão vertical (E2).
A técnica em educação, Marli Almeida, que também participou da entrevista, reforçou que a categoria sofreu perda salarial histórica.“Chegamos a receber menos que um salário mínimo. Foi uma luta longa até as atualizações atuais”, frisou.
Conforme eles, o salário inicial do professor gira em torno de R$4,5 mil, e o final atinge R$17 mil. No caso dos técnicos, o salário após a última progressão é de R$4.690 mil.
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) foi tópico abordado por Márcio que garantiu que o tema será discutido com os profissionais.
“Estamos acompanhando os dados, vamos ouvir a Secretaria de Educação e apresentar tudo à base. Qualquer decisão será coletiva, inclusive teremos uma reunião com o secretário de Educação nesta terça-feira”, garantiu Márcio.
Desempenho escolar e desafios
Questionado sobre os baixos índices educacionais de Roraima, Márcio afirmou que a recuperação da aprendizagem pós-pandemia deve envolver toda a sociedade.
O presidente eleito afirmou ainda que a responsabilidade “é coletiva” e que a nova diretoria pretende participar ativamente das discussões sobre políticas educacionais, carreira e qualidade do ensino. “Nossa missão é reconstruir a relação do Sinter com a categoria e com os gestores públicos”, concluiu.
Trajetória dos entrevistados
Natural de Zé Doca no estado Maranhão, Márcio vive em Roraima desde 2004. Começou como ajudante de pedreiro em reforma do Palácio do Governo e tornou-se professor, atuando inicialmente na zona rural e depois em Caracaraí e Boa Vista. Participou de greves, comissões e assembleias do sindicato.
Marli, nasceu no Paraná, morou em vários estados e chegou a Roraima, após passar por São João da Baliza. É técnica educacional, concursada desde 2004, e ficou conhecida por liderar mobilizações da categoria.
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