Há um mês à frente da Operação Acolhida, o general José Luiz Araújo dos Santos compartilhou suas impressões iniciais e os principais objetivos de sua gestão. A operação, que acolhe imigrantes e refugiados venezuelanos na fronteira norte do Brasil, é considerada uma das maiores iniciativas humanitárias em andamento no país. O comandante se reuniu com a imprensa roraimense nesta terça-feira, 10.
“O que encontrei foi uma operação altamente organizada, com processos bem mapeados e um trabalho de governança muito bem feito pelo meu antecessor, o general Helder”, afirmou o general. Segundo ele, a intenção é dar continuidade à linha de atuação já traçada, mantendo o foco em dois pilares principais: ampliação da capacitação e fortalecimento da interiorização dos venezuelanos.
Atualmente, a entrada de venezuelanos no Brasil pela fronteira com Roraima sofreu uma considerável redução. Segundo o general, o fluxo médio diário é de cerca de 300 pessoas. Ele destaca, no entanto, que muitos dos que chegam hoje já contam com recursos próprios ou contatos no país, o que permite que se desloquem de forma independente, sem a necessidade de apoio direto da operação.
“Muitas dessas pessoas vêm realizar reunificação familiar ou reencontrar amigos em outras regiões do país. Isso é natural após sete anos de operação”, explicou. Para aqueles que ainda dependem do acolhimento, o foco será garantir capacitação profissional e facilitar o encaminhamento para outras cidades com oportunidades de emprego.
O general também comemorou uma marca significativa: a interiorização de 150 mil venezuelanos, que deve ser oficialmente alcançada neste mês de junho. “Todos passaram por etapas da operação: acolhimento, triagem, capacitação e interiorização. Hoje vivem em diversas partes do Brasil”, ressaltou.
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Apoio contínuo, mesmo com cortes internacionais
Questionado sobre o impacto da redução de recursos por parte de agências internacionais, especialmente da ONU, o General José Luiz reconheceu o desafio, mas garantiu que a operação segue funcionando normalmente.
“Houve uma diminuição de recursos das agências da ONU, mas em nenhum momento isso afetou a operação. Conseguimos nos adequar, centralizando melhor os meios e otimizando processos. Como o fluxo de entrada também reduziu, isso permitiu ajustes nos recursos de acolhimento”, explicou.
Além disso, ele destacou o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social como essencial para garantir a continuidade dos serviços, especialmente nos momentos de maior restrição orçamentária.
O comandante reiterou o papel diferenciado da Operação Acolhida no cenário mundial: “É uma operação única, porque aqui o Estado brasileiro está presente ao lado dos imigrantes, com recursos federais e ação coordenada de diferentes esferas de governo. Isso faz da Acolhida um exemplo de resposta humanitária”, finalizou.