O Departamento Nacional de Trânsito fez um levantamento das infrações que são mais punidas no Brasil. O curioso é que nessa lista não aparecem algumas das infrações que a gente mais vê nas ruas e nas estradas.
Podem não ser infrações escandalosas como uma conversão proibida sobre a faixa de pedestres. Ou superperigosas, como avançar com o semáforo no vermelho, dirigir usando o celular.
Também não estão entre aquelas que, além de ameaçar vidas, geram mais multas, como o excesso de velocidade. Mas são irregularidades que atrapalham todo mundo. Não usar seta, por exemplo.
“De repente, o cara para de uma vez e você: ‘poxa vida, porque não deu seta, não sinalizou que vai entrar’. Isso é muito chato, atrapalha muito o trânsito”, reclamou o metalúrgico Antônio Barbosa da Silva.
“O dia inteiro, o dia inteiro isso daí. Dá para se irritar, mas não pode, porque senão você fica louco”, disse outro motorista.
Nas rotatórias também falta bom senso. Parece que impera a lei do mais forte, ou do mais rápido. Vira bagunça. Às vezes, perigosa mesmo.
“Você tem que dar preferência para quem está na rotatória e quem entrou primeiro, e aí as pessoas do outro lado da rua têm que entrar depois”, disse a farmacêutica Liara Costa.
De volta à autoescola, vamos repetir. “Quem está circulando na rotatória aqui, quem já se integrou a ela, ele tem a preferência”, explica uma instrutora.
Nos simuladores, seta para todo lado. Mas se não faltam instruções nas aulas teóricas, nos simuladores e depois nas aulas práticas nas ruas, por que tanta gente insiste em não seguir regras tão simples que aumentam a segurança, melhoram o trânsito e também ajudam a não desafiar a paciência, para não dizer os nervos dos outros motoristas?
Para um veterano instrutor, faltam fiscalização e punição. E olha que os nossos dois exemplos são considerados infrações graves, daquelas de cinco pontos.
“Você não vê nenhum radar olhando se a pessoa deu seta, não deu seta. Como não se cobra, então ninguém faz e vai na confiança de cada um”, afirma Neucler Silvestrine, do Centro de Formação de Instrutores.
E ele explica a seta, de novo: “Você tem que se mostrar no trânsito, mostrar suas intenções, então você no trânsito tem que ver e ser visto, e a seta é um instrumento para apontar isso.”
“Dar a seta para o motorista é quase que um ato de solidariedade humana para o seu colega pedestre. Melhora a fluidez do trânsito e aumenta a segurança. E, para o pedestre, fica muito mais confortável nas travessias saber o que os carros estão fazendo”, afirma Sérgio Ejzenberg, especialista em transportes.
Em tempo, dar seta para fazer conversão proibida, não vale.
Com informações de O Globo