Cotidiano

Música ativa região do cérebro ligada ao raciocínio lógico e concentração

Tocar instrumentos pode ajudar no desenvolvimento da percepção humana, potencializando o aprendizado de idiomas

Nos corredores da escola de música, é possível ouvir diferentes melodias se misturarem até a sala do professor Pedro Macedo. Na sala está Raquel, de 19 anos, concentrada, reproduzindo as primeiras notas musicais no violão erudito, desafio proposto há quatro meses e com empenho ela tem colhido bons resultados. Já Ava tem um ano de idade e quando a mãe Jaqueline Pauly coloca música no ambiente, a menina responde com estímulos positivos levantando os dedos e mexendo o corpo. Esse processo que estimula Raquel e Ava a desenvolverem gosto pela música e interpretá-la se chama musicalidade, e de acordo com especialistas contribui para a formação cognitiva e perceptiva humana.

Conforme explicado pelo professor Pedro Macedo, a música é a expressão mais profunda do sentimento humano e engana-se quem acha que não é preciso disciplina e muito estudo para reproduzir sons que tenham significado. “Trabalho com a música há 37 anos e sei que cada instrumento, seja de corda ou sopro, requer uma técnica para que ao chegar ao ouvido humano ganhe significado, mas a interpretação será de cada um, pois as melodias representam, para cada ser humano, um sentido único”, explicou.

De acordo com Macedo, as crianças podem apresentar mais facilidade para aprender a tocar instrumentos porque estão abertas a novo conhecimento, mas a vontade de aprender, tempo e dedicação é que dirão o grau da técnica aperfeiçoada. 

“Tenho 25 alunos, maioria na faixa de 6 a 19 anos de idade. Matricular os filhos para aprender tocar instrumentos trará benefícios para a formação. Serão crianças concentradas, o que pode refletir na escola, pois conforme estudos, quem aprende música tem facilidade para lidar com números e interpretação de textos.”

Raquel Oliveira abandonou o curso de direito na universidade para se dedicar à música, recente paixão que segundo ela não causou arrependimentos. “Tocar violão me traz sensação de paz. Quando gostamos do que fazemos a profissão vira hobby e esse é o meu objetivo. Quero cursar música e aprimorar tudo o que estou aprendendo. A música expressa sentimento e quero tocar muito mais que violão erudito, quero tocar a alma pessoas”, explicou a aluna. 

A psicóloga especializada em atendimento infantil Georgia Moura explica que a música está presente em todas as etapas do desenvolvimento da criança, desde a formação no útero, quando ouve o coração da mãe, até a alfabetização, ao ser estimulada com canções e rimas repetitivas, o que fará com que compreenda o sentido das palavras. 

“A música aumenta o poder de concentração e memória. Estimula o raciocínio lógico e potencializa o aprendizado de idiomas. Isso é possível porque os sons articulados se relacionam diretamente com a linguagem. A música é resultado de interpretação cerebral e quanto mais harmoniosa mais o cérebro de quem a escuta será estimulado”

Georgia também orienta que os pais ampliem o repertório das crianças, expondo-as às canções com estilos e instrumentos diferentes. “A música é importante e refletirá sempre de maneira positiva. Na terapia com crianças que apresentam transtornos como autismo ou sinais neurotípicos, usamos a música para trabalhar juntamente com uma equipe multidisciplinar as reações que os sons causam. Crianças que não conseguem expressar emoções com sons, é um sinal de que algo parece errado e precisa ser investigado, já que o ideal é que ocorram respostas aos sinais musicais”, disse a psicóloga.