O Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MNDH) formalizou duas representações no Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) e no Ministério Público Federal em Roraima (MPF-RR) contra a governadora de Roraima, Suely Campos (PP) e a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (PMDB) pelo abandono de crianças e de adolescentes da Venezuela no abrigo do Ginásio Tancredo Neves, na Avenida Ataíde Teive, zona Oeste da Capital.
Após denúncia, o coordenador Nacional do MNDH , Liorcino Mendes, visitou o local e identificou que cerca de 100 crianças e adolescentes estão tendo seus direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e na Convenção dos Direitos das Crianças violados.
Conforme os pais das crianças, eles foram tirados a força da Rodoviária de Boa Vista, com forte aparato policial do Estado e obrigados a dormir e jogados no Ginásio que fica afastado do Centro da cidade. No Local foram cedidas barracas da Defesa Civil onde abrigam famílias variadas.
Segundo o órgão ligado aos Direitos Humanos, outras famílias são obrigadas a dormir nas arquibancadas do Ginásio ou sobre a areia de um campo do lado externo. De acordo com os adolescentes, é servida apenas uma refeição ao dia, os banheiros não têm chuveiro, não há escola, nem curso para aprenderem português.
O MNDH constatou que muitas crianças estão sem cuidados médicos, não há presença diária de pediatra, nem alimentação, vivendo em local insalubre e suas mães não podem deixá-las em uma creche para trabalhar.
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A denúncia cita ainda que a prefeitura de Boa Vista está perseguindo os pais destas crianças, colocando fiscais para recolher todos os produtos que eles tentam vender nas ruas para sobreviver. Ao mesmo tempo têm apreendido vassouras e rodos para vidros de carro, para impedir os pais das crianças de limparem os pára-brisas para ganhar algum trocado.
O MNDH pediu aos dois MPs que encaminhem a Justiça ação civil por improbidade administrativa da governadora de Roraima e da prefeita de Boa Vista por agirem com xenofobia e desrespeito as crianças e adolescentes da Venezuela que vivem em Boa Vista.
OUTRO LADO- A reportagem da Folha entrou em contato com o Governo de Roraima e a Prefeitura de Boa Vista e aguarda posicionamento.
A Procuradoria-Geral do Estado informou que o Governo do Estado ainda não foi notificado sobre tais representações do Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MNDH) e somente após notificação oficial, haverá manifestação.
