Cotidiano

Moradores são despejados e contestam titularidade de área no bairro Alvorada

Moradores são despejados e contestam titularidade de área no bairro Alvorada Moradores são despejados e contestam titularidade de área no bairro Alvorada Moradores são despejados e contestam titularidade de área no bairro Alvorada Moradores são despejados e contestam titularidade de área no bairro Alvorada

Por volta das 10h30 de ontem, a família da dona de casa, Marinei dos Santos, foi surpreendida com a chegada de um oficial de justiça, dois policiais militares, a pessoa que se apresentou como dono do terreno e seu advogado. O terreno fica localizado na Avenida dos Garimpeiros, bairro Alvorada, zona Oeste. A ordem de despejo foi anunciada pelo oficial, que imediatamente ordenou a retirada de toda a mobília da casa, bem como a saída da família, que resistiu. Ela é mais uma das famílias que podem perder tudo, pois estão sendo despejadas pela Justiça.

A Prefeitura Municipal de Boa Vista confirmou, para a Folha, que a área é particular, “situação que restou comprovada no processo que originou a ordem judicial que determinou a desocupação”. Por nota, informou que nos casos de invasão ou ocupação irregular em área particular já consolidada, a Prefeitura não tem qualquer ingerência na questão.

Alegando não ter recebido nenhum documento prévio antes da ordem, a dona de casa tentou retirar o documento das mãos do oficial, que não entregou. “Ele disse que estava cumprindo ordem judicial, mas não mostrou e nem me entregou nenhum documento”, disse. A resistência fez com que a pessoa que se apresentou como dono, que alugou um trator, ordenasse o motorista a derrubar a casa. No entanto, após derrubar a árvore que ficava em frente da casa, o motorista parou devido a chegada de vizinhos que se colocaram em frente a maquina.

“Moro aqui há 16 anos, mas não tenho título definitivo. Na época que eu vim, havia poucas casas, então começamos a construir”, relatou a mulher para a Folha. A irmã dela, Francisca dos Santos, disse que seria uma injustiça contra a mãe, dona Tereza dos Santos, de 66 anos. “Tudo que ela tem é esta casa, e o que está nela foi do suor dela. Não entregaram sequer um documento prévio antes da ordem de despacho”, disse. O episódio já aconteceu com outros moradores do quarteirão.

Segundo o autônomo Manoel Bezerra, que também já foi expulso da residência na qual hoje ainda reside, um ex-garimpeiro disse ter comprado toda a área do quarteirão há mais de 20 anos e que possui o título definitivo.  “Dos terrenos, cerca de 24 metros são da prefeitura, o que corresponde ao espaço das casas, só o quintal é dele. Então ele não pode nos tirar de casa”, ressaltou Bezerra.

O autônomo explicou que desde 2002 o caso está na Justiça, mas que a pessoa que se apresenta como proprietária só mexe com as 19 famílias em época de eleição. Os moradores acreditam que o terreno seja de um político. “Se todos esses terrenos são dele, por que só veio na casa dela? Não teve nem ordem de despejo. Aconteceu comigo, me colocou para fora. Tive prejuízo com eletrodomésticos pelo jeito que tiraram”, complementou.

Bezerra explicou que a área corresponde a uma invasão, mas que só após fazer a compra do terreno que ele soube do problema. “Ninguém tem título definitivo, só comprovante de pagamento”, disse. O autônomo explicou que, uma semana após ter sido despejado, dono vendeu o terreno a outro homem. Então, Bezerra disse que voltou para o local e está até hoje lá.

OUTROS CASOS – A autônoma Simone Machado informou que as famílias lutam há mais de 15 anos pela posse, mas a Justiça não deu a causa ganha para elas. Ela disse que não são invasores, uma vez que compraram os terrenos de outras pessoas. Além disso, afirmou que o dono da área seria um político. “São 19 famílias e 19 processos. Esse cara todo dia veste a mesma roupa. Ele não tem condições de ser dono daqui. Ele não compra nem roupa nova. Quem é dono é político grande, porque só mexem com a gente em época de eleição”, disse.

À Folha, Neide Vasque disse que é uma das pessoas que invadiram o local há cerca de 20 anos e que, desde então, estão na Justiça para resolver o caso. Ela explicou que, quando chegou ao local, tudo era lavrado e as pessoas começaram a levantar suas casas. Ela informou que está na Justiça porque sua residência não está na área reclamada pelo dono. “Ele briga pelo fundo dos quintais, porque as casas que estão aqui na frente são da prefeitura”, afirmou.

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