Cotidiano

Modelo de fiscalização de dinheiro público pode ser implantado em RR

A Presidente do Observatório, Giuliana Lenza, falou sobre a implantação, em Roraima, do projeto que economizou milhões aos cofres públicos de Maringá

Modelo de fiscalização de dinheiro público pode ser implantado em RR Modelo de fiscalização de dinheiro público pode ser implantado em RR Modelo de fiscalização de dinheiro público pode ser implantado em RR Modelo de fiscalização de dinheiro público pode ser implantado em RR

A divulgação quase que diária de casos de má aplicação e desvios de recursos públicos nos últimos anos tem despertado o interesse da sociedade para o tema ‘corrupção’, que se tornou comum nas rodas de conversa. 

E foi para falar da experiência de acompanhar o combate a desvio de recursos públicos em Maringá, município do interior do Paraná, que empresários, órgãos públicos de controle e sociedade se reuniram na tarde desta quarta-feira com a presidente do Observatório Maringá, Giuliana Lenza, para nivelamento conceitual e contextualização dos desafios da implantação do Observatório Social em Roraima, com a intenção de combater desvio de recursos públicos.

Lenza conta que o Observatório nasceu em 2004 com a união de um grupo de pessoas de diversos segmentos da sociedade com o objetivo de acompanhar de perto licitações e contratos na gestão pública.

Pelos critérios apresentados, podem participar do Observatório toda a sociedade civil, menos pessoas ligadas a partidos políticos. “Até pela manutenção da isenção das manifestações e garantia da credibilidade do trabalho que não é de oposição ao gestor, mas de colaborar”, disse. 

A criação do Observatório é voluntária e são contratados técnicos de contabilidade e advogados que são pagos por empresários que apoiam o trabalho. 

“É um trabalho voltado para a prevenção, evitando que o problema aconteça, e que vem sendo desenvolvido há mais de uma década, e temos muitos exemplos exitosos em acompanhamento da gestão do município de Maringá, da Câmara Municipal, Universidade Estadual de Maringá e da Assembleia do Paraná e esse trabalho foi premiado pela ONU como melhor projeto de inovação social da América Latina e Caribe”, disse. 

Como exemplo, ela citou a economia de mais de R$ 130 milhões nestes quase 15 anos da existência do Observatório em Maringá. Para Lenza a participação da sociedade de forma organizada pode trazer resultados importantes na economicidade da gestão.

“Tem que ter o acompanhamento das licitações e compras, mostrando muitas vezes que a compra é desnecessária, contra uma licitação direcionada, que está superfaturada, e isso gera economia para os cofres públicos”, disse. “Além de outro efeito que não se consegue medir, que é a mudança na cultura, com o gestor que muda sua forma de atuar e o cidadão que sabe que pode participar e passa a prestar mais a atenção na gestão pública e começa a ver resultados”, ressaltou. 

Lenza afirmou que a relação do Observatório com o gestor público é feita de forma transparente e oficiosa, por meio de documentos.

“A comunicação é sempre oficial e todos os problemas detectados são sempre documentados por escrito ao gestor e em muitas vezes nos reunimos para discutir e encontrar a solução, e tem funcionado muito bem ao longo destes anos”, disse. “A trajetória do Observatório de Maringá mostra que é possível um grupo de mobilizadores da sociedade civil implantar organização semelhante em Roraima”, afirmou.

Ela cita que só nos casos em que não se consegue resolver o problema ou fazer com que o gestor resolva, é que o Observatório envia o caso detectado para os órgãos de controle, com o Tribunal de Contas. “A nossa intenção é fazer a prevenção ao detectar os problemas e apontar solução para tentar resolver”, afirmou. (R.R)

TCE/RR vê criação do Observatório como parceiro


Presidente da Escola de Contas do TCE/RR, conselheiro Célio Wanderley (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

O presidente da Escola de Contas do Tribunal de Contas do Estado de Roraima (TCE/RR), conselheiro Célio Wanderley, disse que vê a criação do Observatório Social de Roraima como um parceiro do TCE e como mais um importante órgão de controle social para combater as ilicitudes na gestão pública.

“A criação de novas ferramentas de controle social é de extrema importância para ajudar os órgãos de controle, como o próprio Tribunal de Contas, a Assembleia Legislativa e Ministério Público”, disse. 

Para o conselheiro, o controle social faz um trabalho de antecipação aos fatos que, posteriormente, os órgãos de controle vão fiscalizar.

“Ao ser feita uma denúncia isso me autoriza a fiscalizar estas ações que estão sendo feitas erradas e apuradas pelo Observatório, antecipando ao que o crime ocorra”, disse.       

Ele citou que o TCE/RR está desenvolvendo o programa TCE na Cidadania e divulgando nas escolas. 

“É uma forma de levar a conscientização do público sobre o controle social. Hoje se vê o País mudando com ações populares e isso tem mais a ver com controle social do que com ações efetivas dos órgãos de controle. Ou seja, acontecem por pressão e denúncias que ocorrem todo dia e se vê mudanças efetivas que acontecem no País”, afirmou.


Empresário convoca sociedade para fiscalizar 


Empresário Ermilo Paludo diz que é importante criar o Observatório (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Empresário do agronegócio no Estado, Ermilo Paludo foi uma das mais de 60 pessoas que participaram da primeira mobilização para a criação do Observatório de Controle Social em Roraima. Ele disse que é um dos defensores da criação do Observatório por entender que da importância da participação da sociedade na construção de um mundo melhor e sem corrupção no serviço público.

“Visitamos Maringá e ficamos impressionados com os resultados que a sociedade civil pode fazer na gestão pública”, disse. “Em 2015 já havíamos discutido dentro da Unir (União dos Empresários de Roraima), a implantação de uma ferramenta desta no Estado, para que nossos netos possam ter chance se a sociedade civil não se mobilizar para acompanhar melhor a gestão dos governos”, disse.

Como exemplos ele citou o fato do servidor público pagar 27% de impostos de seu salário e o empresário que paga altas taxas de impostos, mas não acontece movimento de fiscalização de como este imposto está sendo gasto pelo poder público.

“Como está sendo feita a aplicação do seu imposto?”, questionou. “Não é mais fácil começar a monitorar para que nosso imposto comece a trazer mais educação, saúde, segurança e mais estradas no interior? Mas ficamos apenas reclamando e não há uma mobilização e acompanhar mais as ações dos gestores e servir de colaboradores aos órgãos de controles e denunciar as coisas erradas. Temos que deixar de ser passivos e nos envolver mais com as coisas públicas, porque é nosso dinheiro que está sendo mal aplicado e temos que acompanhar, opinar e dar sugestões parar melhorar”, disse. (R.R)

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.