Cotidiano

Ministério da Justiça autoriza vinda de Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária

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O Ministério da Justiça publicou no dia 25, no Diário Oficial da União, portaria que autoriza o envio de uma Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) para Roraima. Será uma equipe de agentes penitenciários, cuja quantidade e data de chegada ainda não foram divulgadas. A FTIP atende ao pedido de vários estados brasileiros com recentes crises em seus sistemas prisionais, sendo o Rio Grande do Norte (RN) o primeiro a recebê-la.

Em paralelo, a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc) anunciou a realização de concurso público para agentes penitenciários, com 300 vagas. O edital encontra-se em formulação. Ambas as notícias animaram o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado de Roraima (Sindape-RR). Atualmente, 282 pessoas fazem parte do quadro estadual, mais da metade delas somente na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc).

O presidente do Sindape, Lindomar Sobrinho, disse que a categoria necessitava de uma reciclagem. O último concurso foi em 2012, com posse em 6 de fevereiro de 2013. Na época, 328 agentes ingressaram. Somente alguns receberam armamentos, cedidos pelas polícias Civil e Militar. Quanto aos cursos de capacitação, não foram oferecidos desde então.  Por outro lado, a população carcerária disparou: eram em torno de 700 em 2013, e hoje chegam a 1500.

“O nosso concurso terá 300 vagas, mas deveria ter outros 300 na reserva. Dada a demanda do sistema prisional e o crescimento progressivo da massa penitenciária, acreditamos que em pouco tempo haverá um colapso do sistema”, frisou.  Agora o sindicato acompanha a aquisição por parte da Sejuc de novas pistolas e fuzis. Apesar de a quantidade de armas ainda estar distante da ideal, Lindomar Sobrinho considera este um momento histórico para a categoria.

“Nunca nos haviam dado a oportunidade de participar desses processos, de poder opinar. Esperamos que venha um tempo melhor, com construção de unidades, realização de concurso público e aquisição de equipamentos, diferente das mais de quatro décadas de esquecimento que nossa categoria teve e que resultou  no que tínhamos como tragédia anunciada”.

Sindicalista diz que categoria é vista de maneira simplista

Algumas vezes acusados de corruptos por estarem no mesmo ambiente que os presos ou considerados incompetentes sempre que ocorre uma fuga, Lindomar Sobrinho disse que a profissão do agente penitenciário é vista de maneira simplista. Segundo ele, os aprovados no concurso de 2012 começaram a trabalhar sem ter ideia da complexidade do serviço.

Eles fazem a contagem diária dos presos, tomam conta das celas, fazem escoltas externas e nas cidades do interior, cuidam de relatórios e procedimentos administrativos, entram em contato com promotores, juízes, advogados e defensores públicos, e precisam ter noções de Direito e Administração Pública. Também lidam com cadeias e presídios com infraestrutura antiga, sem sistemas de videomonitoramento das muralhas para impedir lançamentos de celulares e objetos ilícitos. Também não contam com o chamado “scanner humano”, que revelaria itens escondidos dentro das partes íntimas dos visitantes dos presos.

“São coisas que deixam a segurança comprometida e, quando se tem a notícia de rebelião, as pessoas atribuem a culpa ao servidor. Mas até hoje nunca foi comprovado que algum agente de Roraima tenha adentrado com objetos ilícitos. Entendemos que se isso ocorrer, esta pessoa deve ser demitida e julgada na lei, podendo ser presa”, ressaltou.

A inexistência tanto no Código Penal quanto na Constituição Federal de obrigatoriedade de trabalho por parte dos presos é outro item considerado “falha” por Sobrinho. Para ele, são poucos os detentos que estudam, e todos deveriam exercer atividades profissionalizantes. “Eles passam o dia comendo, jogando comida fora, causando ônus ao Estado. Eles deveriam trabalhar”.

Todas essas condições devem ser levadas em conta por quem pretende prestar o concurso público para agente penitenciário. “Esperamos que tanto os que vão fazer a seleção quanto os que virão na Força-Tarefa tenham este perfil, para terem menos dificuldades”, frisou. (NW)

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