A oferta de peixes regionais nos mercados da capital Boa Vista sofreu um declínio mesmo após o fim da piracema. Durante pesquisa feita pela Folha em mercados especializados nas zonas Sul e Oeste da cidade, foi constatado que as espécies regionais ofertadas se resumem ao tambaqui e o matrinxã. De acordo com os vendedores, o nível alto do rio é o principal motivo da pouca diversidade.
Segundo o peixeiro Railson Lima, vendedor em um comércio do bairro Asa Branca, zona Oeste, os pescadores saem em busca, mas não encontram outras espécies. Em sua barraca, os regionais ofertados são o mamuri, um matrinxã grande, por R$ 12,00 o quilo e o tambaqui, por R$ 8,00 o quilo, sendo este de açude. Os peixes de pele, como dourado e filhote, são trazidos do estado do Amazonas e vendidos pelo preço de R$ 10,00 o quilo.
Em um mercado de peixe do bairro Asa Branca, o único peixe à venda é o tambaqui, por R$ 9,00 o quilo. De acordo com os peixeiros, a piracema encerra de fato no final deste mês, uma vez que ainda é muito difícil encontrar outras espécies em razão do nível do rio. “Para se ter uma ideia, só estamos com tambaqui, ainda bem que é um peixe que as pessoas gostam e não deixam de comprar. E o preço também ajuda”, disse o peixeiro José Airton.
Na Avenida Mário Homem de Melo, no bairro Liberdade, os únicos peixes à venda em um mercado especializado são o tambaqui, tendo o menor preço à R$ 8,40 o quilo, e a matrinxã, por R$ 14,00 o quilo. De acordo com vendedores do estabelecimento, os únicos peixes trabalhados no mercado são os dois, pela saída e pela facilidade, uma vez que são criados em cativeiro.
Em um estabelecimento na Avenida Capitão Júlio Bezerra, no bairro São Francisco, a oferta regional se iguala aos demais. O tambaqui é vendido por R$ 10,90 o quilo e o mamuri a R$ 13,90 o quilo. O dourado e o filhote, que vêm do Amazonas, são vendidos por R$ 15,99 o quilo.
Para Reginaldo da Silva, peixeiro há 37 anos, a época climática influencia na hora da pesca. “Tá chovendo muito, e aí quando chove assim o peixe que dá é o matrinxã. Quando o rio baixar aparece pacu, aracu, matrinxã regional, surubim e dourado. A matrinxã que eu tenho aqui é o mamuri, tem a matrinxã regional, que só dá quando o rio baixa. A preferência é no regional porque é menor e o sabor é melhor, tanto para assar quanto para fritar”, disse. (A.G.G)