Quase ninguém se surpreende ao ouvir uma criança responder “quando eu crescer, quero ser jogador de futebol” em um país que consagrou o esporte. No entanto, para ser o tão sonhado jogador, o estudante Victor Eduardo Sena, de nove anos, precisa de uma chuteira. O pedido foi escrito de forma simples, seguido por um desenho cheio de cores e esperança.
Esta foi a primeira vez que Victor resolveu enviar o pedido para a Campanha ‘Papai Noel dos Correios’, que todos os anos proporciona um Natal mágico para milhares de crianças em situação de vulnerabilidade social por meio da adoção de cartinhas. Na carta, ele descreve que a mãe não tem condições de comprar o presente por não conseguir arranjar um emprego.
A mãe do menino, Daiane Sena, confirmou à equipe de reportagem da Folha que conseguiu começar a trabalhar em um supermercado da capital há pouco tempo. Contudo, destacou que o salário mínimo que recebe não dá a possibilidade de comprar o presente desejado pelo filho. “Desde os cinco anos de idade ele me pede as chuteiras, mas eu nunca tenho como comprar”, apontou.
Mãe solteira de dois filhos, Daiane usa o salário para pagar a babá que cuida dos filhos quando ela está fora, o aluguel e as despesas do apartamento onde mora, no Residencial Vila Jardim, localizado no bairro Cidade Satélite, na zona oeste da Capital. Além do mais velho Victor Eduardo, Daiane tem um filho pequeno de dois anos de idade.
A rotina de Victor é bem dividida. Pela manhã, ele e o irmão ficam em casa sob os cuidados da babá. É neste tempo que ele faz as atividades da escola. À tarde, ele cursa o 9º ano na Escola Municipal Professora Glemiria Gonzaga Andrade, também no bairro Cidade Satélite, e à noite vai para a igreja com a família.
Sobre o presente, Victor contou que não tem preferência de modelos ou cores, apesar de ter desenhado uma chuteira vermelha na cartinha, desde que possa receber o tamanho 33. “Os meninos sempre me chamam pra jogar e só eu não tenho uma chuteira. Se eu ganhar, vou poder jogar melhor”, frisou. Quando perguntado, não pensou duas vezes. “Quando eu crescer, quero ser jogador de futebol no Flamengo”, finalizou.
CAMPANHA – A adoção de cartinhas pode ser feita até o dia 7 de dezembro na sede dos Correios, no Centro Cívico, e a entrega dos presentes até o dia 11. (A.G.G)