
Dados do Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex) revelam que, entre agosto de 2023 a julho de 2024, 46% da extração madeireira em Roraima ocorreu de forma ilegal, totalizando 6.873 hectares de floresta explorada sem autorização dos órgãos ambientais. Essa área corresponde a mais de seis mil campos de futebol.
Houve uma redução de aproximadamente 26% na exploração ilegal em comparação ao ciclo anterior (2022-2023).
Ao todo, foram identificados 14.867 hectares de floresta explorados no período. Desse total, a área explorada de forma legal aumentou em quase quatro vezes, passando de 2.103 hectares para 7.994 hectares (54%) no último monitoramento.

“É importante observar que Roraima conseguiu reduzir a ilegalidade ao mesmo tempo em que ampliou significativamente a exploração legal. Isso mostra que, quando os processos de autorização funcionam e são utilizados pelos responsáveis, há um ganho ambiental e também uma maior segurança para quem opera dentro da lei,” afirma o pesquisador do Imazon, Carlos Souza Jr.
Apesar da redução geral da ilegalidade, a exploração sem autorização está fortemente concentrada em áreas vulneráveis:
- Assentamentos rurais lideram a lista, com 43% da exploração ilegal (2.988 hectares).
- Imóveis rurais privados vieram na sequência, com 33%.
- Vazios fundiários concentraram 21%.
Essa concentração acende um alerta para o estado, pois esses ambientes já enfrentam desafios históricos de governança e fiscalização. Além disso, a extração sem autorização tende a agravar conflitos e a pressionar áreas destinadas à produção sustentável.
A pesquisadora do Imazon Camila Damasceno reforça a necessidade de ação:
“É preciso fortalecer as políticas de ordenamento territorial no estado. Os resultados sinalizam fragilidades que precisam ser enfrentadas e, ao mesmo tempo, apontam para o avanço da legalidade em propriedades privadas, mostrando que é possível produzir madeira de forma responsável.”
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Foco no Sul do Estado
A exploração madeireira ilegal está fortemente concentrada em apenas três municípios. Caroebe e Rorainópolis lideram o ranking, cada um respondendo por 28% da ilegalidade (totalizando mais de 3.700 hectares). Na sequência, aparece São João da Baliza, com 24%.
Juntas, essas três cidades, localizadas no sul e sudeste de Roraima, representam 80% de toda a exploração ilegal observada.
A persistência do problema é evidente, Rorainópolis, por exemplo, está presente em todos os boletins Simex publicados desde 2019.
“Essa concentração em poucos municípios significa que ali existem pontos críticos que precisam de respostas específicas. Fortalecer a fiscalização, melhorar o ordenamento e apoiar iniciativas de manejo legal pode reduzir significativamente o avanço da ilegalidade no estado,” aponta Camila.
*As informações são da Rede Simex, composta por ICV, Imaflora e Imazon. Devido à ausência de informações do órgão estadual de meio ambiente de Roraima, os dados foram obtidos por meio do Sistema Compartilhado de Informações Ambientais (SisCom), do Ibama.