RIO CLIMATE ACTION WEEK

Ex-ministro Roberto Rodrigues defende agricultura tropical regenerativa como aliada contra crise climática

Rodrigues reconheceu que o país ainda convive com problemas como o desmatamento ilegal, a grilagem de terras e outras práticas criminosas

Roberto Rodrigues em entrevista na Rio Climate Action Week (Foto: Sarah Araújo)
Roberto Rodrigues em entrevista na Rio Climate Action Week (Foto: Sarah Araújo)

Durante participação na Rio Climate Action Week, nesta quarta-feira, 27, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, destacou que a experiência brasileira em agricultura tropical pode ser uma resposta estratégica aos desafios globais da crise climática.

Segundo Rodrigues, até a década de 1980 o modelo agrícola mundial era predominantemente temperado, baseado em práticas adotadas por países como Estados Unidos, Canadá e nações da Europa. “O Brasil mudou essa lógica. Desenvolvemos ciência e tecnologia adaptadas ao clima tropical, que transformaram o Cerrado em um dos maiores celeiros de alimentos do mundo”, afirmou.

Ele ressaltou que a produtividade agrícola nacional cresceu exponencialmente sem demandar a mesma proporção de expansão territorial. “Em 35 anos, a área plantada cresceu apenas 11%, mas a produção aumentou 479%. Isso mostra que foi possível produzir muito mais por hectare, poupando terras e, ao mesmo tempo, gerando renda, exportação, emprego e benefícios sociais e ambientais”, disse.

Para o ex-ministro, esse modelo de agricultura tropical regenerativa é uma oportunidade de liderança internacional para o Brasil e pode ser replicado em regiões como a África Subsaariana, que enfrentam baixa produtividade e altos riscos relacionados ao clima.

Rodrigues reconheceu, no entanto, que o país ainda convive com problemas como o desmatamento ilegal, a grilagem de terras e outras práticas criminosas. “Não podemos aceitar isso. O desafio é mostrar ao mundo o que já foi feito com base na ciência, corrigir nossas falhas e aplicar esse conhecimento em outros países tropicais”, defendeu.

Ele também defendeu maior acesso a financiamento internacional para fortalecer práticas sustentáveis e apoiar a transição para um modelo que contribua para a mitigação da crise climática. “Queremos convidar o mundo desenvolvido a financiar essa transformação. Só assim será possível enfrentar os quatro cavaleiros do apocalipse moderno: insegurança alimentar, insegurança energética, mudanças climáticas e desigualdade social”, concluiu.

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