Cotidiano

Mais de mil empresas foram extintas em 2018 no Estado

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

O sonho do negócio próprio pode ter ficado no armário de muita gente em 2018. Dados da Junta Comercial de Roraima (Jucerr) mostram que, em 9 dos 12 meses de 2018, houve redução no número de empresas constituídas em relação a 2017. Também com os dados disponibilizados é possível ver que entre março e dezembro, 1.059 empresas foram extintas, enquanto três mil foram constituídas.

2018

Constituídas

Extintas

Março

289

125

Abril

309

107

Maio

360

118

Junho

260

103

Julho

280

102

Agosto

376

121

Setembro

256

98

Outubro

327

90

Novembro

307

86

Dezembro

242

109

Como mostra a tabela, os meses em que mais houve a abertura de novas empresas foram agosto, maio e outubro. Já aqueles em que mais empresas fecharam as portas foram março, agosto e maio.

Quando comparamos o número de empresas constituídas em 2018 com as constituídas em 2017, vemos que apenas em maio, setembro e outubro o número aumentou com um crescimento de 23,3%, 7,8% e 7,65, respectivamente, para cada mês.

Nos outros nove meses restantes de 2018, as pessoas estiveram tímidas para investir no negócio próprio e o número reduziu quando comparado também a 2017. Janeiro caiu 17,4%; fevereiro apresentou queda de 23,6%; março -20,8; abril -11,7%; junho -23,9%; julho -19,5%; novembro -2,5%; e dezembro -14,7%.

O coordenador da Jucerr, Ifrahih Hernandez López, afirmou que as oscilações se devem ao ajuste econômico que o país vem passando nos últimos anos e afirmou que o ambiente para negócios em Roraima já está melhor do que há alguns anos. De acordo com ele, as expectativas para 2019 são propícias para melhorar o cenário no Estado.

“Tudo é possível para alavancar a economia no Estado. Já vimos nestes primeiros dias do ano muitas novas empresas sendo abertas, mas é preciso aguardar um pouco para ver a situação da economia local, pois ainda está muito recente o trauma do governo anterior, o que ainda trará custos”, afirmou López.

PEQUENOS EMPREENDEDORES

Christopher Oliveira é dono de uma empresa de doces. O negócio começou de forma muito tímida, ainda durante o ensino médio, quando ele e a namorada resolveram vender brigadeiros. O negócio funciona hoje como um delivery de doces com uma aparência mais sofisticada que o comum.

“A empresa começou no final de 2015, quando ainda estava no ensino médio. Quando saí do ensino médio, demos uma pausa, eu entrei no Exército, consegui juntar algum dinheiro e saí de lá em janeiro de 2018. Então, resolvi abrir a empresa”, relatou.

Nos primeiros quatro meses de 2018, o negócio ainda era incerto, não havia clientela fixa. A estratégia foi mudar a empresa, Doce Pecado, para outro bairro, escolha que deu certo e alavancou as vendas. “Eu queria desistir, mas minha namorada insistiu para continuarmos tentando”.

Ainda de acordo com Christopher, algo que atrapalhou muito foram os atrasos de pagamento dos servidores do Estado. “O governo federal, mesmo não sendo bom, não atrasava os pagamentos, mas o Estado atrasava muito e atrapalhou bastante. Espero que isso não ocorra para poder investir mais”.

Já José Alacide, dono de uma pequena churrascaria que tem o frango assado como carro-chefe, deu início ao seu negócio há dois anos. Logo de cara teve bons resultados, vendia bem e obtinha uma boa margem de lucro, mas depois dos primeiros sete meses sentiu que a situação financeira estava apertando e precisou diminuir o número de empregados para manter o local funcionando.

“Não está necessariamente ruim, ainda dá para manter, mas baixou o lucro que eu tinha antes e foi de uma forma brusca”, disse José. Complementou dizendo que nunca pensou em fechar a churrascaria porque sabe que em algum momento a situação irá melhorar. (F.A)