O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou nesta sexta-feira, 27, os dados sobre migração em Roraima de acordo com o Censo Demográfico de 2022. De acordo com os resultados, que foram divulgados pela Secretaria de Planejamento e Orçamento (Seplan), o estado tem o maior número de migrantes em relação ao total dos habitantes, com 8%, que equivale a 81.181 pessoas.
Roraima fica em quarto lugar nos estados com o maior número de migrantes naturalizados brasileiros, atrás apenas de grandes centros populacionais como São Paulo, Paraná e Santa Catarina. O estado possui 0,3% do total da população do país.
O dados mostram uma preocupação com a distribuição e alocação da população migrante em Roraima. Em coletiva de imprensa na manhã de hoje, 27, o vice-governador Edilson Damião informou que a população migrante ocupa 30% dos gastos públicos com saúde e educação e 20% com projetos sociais.
“Desde 2019 o Governador Antônio Denarium entrou com uma ação junto ao Supremo [Tribunal Federal], para que a União ressarcisse o estado em relação a esses gastos com a imigração. O estado até hoje recorre, mas graças ao desenvolvimento econômico que tem crescido a gente tem conseguido manter as políticas econômicas de Roraima”, relata Edilson.
A coletiva também teve a presença da superintendência do IBGE, da Agência da ONU para as Migrações (OIM), da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) e da Operação Acolhida.
A pesquisa revela que entre os migrantes internacionais que chegaram ao estado entre 2017 e 2022, 98,24% são venezuelanos. Boa Vista e Pacaraima, na fronteira, concentram as maiores populações migrantes, sendo Pacaraima o município com maior proporção de estrangeiros no Brasil (36,31%).
A pesquisa mostra também que a faixa etária dessa população migrante é composta, na maioria, por jovens entre 20 e 39 anos, com leve predominância feminina. De acordo com Tathiany Bonavita, coordenadora de Gestão da OIM, os dados são importantes para o direcionamento de políticas públicas que respondam as necessidades dos migrantes.
“Os dados sempre são positivos no sentido de nos orientar, para nós sabermos onde trabalhar. Ter evidências é fundamental para que a gente consiga desenvolver cada vez mais ações e projetos direcionados para atender as demandas”, explica Tathiany.
Diferente do Censo de 2010, último feito no país, o IBGE adotou novas abordagens para atender aos requisitos da pesquisa. O superintendente do instituto, Welisson Cordeiro, explica que o censo de Roraima teve um caso único no Brasil, que foram os abrigos, o que ocasionou diversas dificuldades na hora da realização, como o idioma e locomoção dentro dos abrigos.
“Com a ajuda dos organismos internacionais e da Operação Acolhida, a gente conseguiu facilitadores, como a tradução dos questionários, não só para o espanhol mas também para as línguas indígenas. A gente teve essa dificuldade de acessar mas conseguimos amenizar esses impactos”, explicou Welisson.
Roraima lidera, de forma isolada, o ranking nacional de proporção de migrantes em relação à população residente. Cerca de 12,75% dos moradores do Estado são estrangeiros, índice quase dez vezes superior à média nacional e muito acima de Estados das regiões Sudeste e Sul. No Amazonas, por exemplo, esse percentual é de apenas 1,44%.
“Esses dados são fundamentais para o planejamento governamental. Com base nesse diagnóstico, conseguimos alinhar nossas estratégias com as reais necessidades da população, brasileira ou estrangeira”, explicou o secretário adjunto da Seplan, Fábio Martinez, ao reforçar o papel do órgão na articulação de políticas públicas que respondam ao perfil populacional do Estado.