Encerra na segunda-feira, 31, o prazo para o saque do dinheiro das contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Conforme dados da Caixa Econômica Federal, mais de R$35 milhões já foram pagos para 32.655 trabalhadores de Roraima. A estimativa é que até o último dia os mais de sete mil trabalhadores que têm direito ao benefício e ainda não efetuaram o saque se dirijam às agências da Caixa para realizar o procedimento.
De acordo com a Caixa, os trabalhadores que não realizarem a retirada terão o dinheiro de volta à conta inativa e, para receber os valores novamente, deverão se enquadrar em outra hipótese de saques, como aposentadoria ou aquisição de moradia própria. Apenas os trabalhadores que comprovarem a impossibilidade de saque dentro do cronograma vão poder reivindicar o pagamento até o dia 31 de dezembro de 2018.
SAQUES – Trabalhadores correntistas da Caixa poderão autorizar o recebimento do crédito em conta por meio do portal do banco na internet (www.caixa.gov.br/contasinativas). Os que ainda não sabem a quantia disponível nas contas, saldo e a forma de recebimento também podem verificar os dados pelo portal. Além das próprias agências Caixa, as casas lotéricas e correspondentes bancários são opções para o saque.
Quem vai receber até R$1.500 pode sacar o dinheiro nos terminais de autoatendimento por meio do Cartão Cidadão. Os trabalhadores que possuem saldo de até R$ 3 mil também podem sacar por meio do Cartão Cidadão, desde que utilize a senha do cartão magnético. Acima de R$ 3 mil, o saque deve ser realizado apenas nas agências Caixa. Para retiradas em valores superiores, são realizados procedimentos específicos de conferência da documentação fornecida pelo trabalhador.
Segundo a Caixa, os documentos de apresentação obrigatória para saques acima de R$10 mil são o documento de identificação e a Carteira de Trabalho. O órgão apontou que também pode ser utilizado outro documento que comprove a extinção do vínculo trabalhista, que deu origem à conta em questão.
USO DO DINHEIRO – A funcionária pública Danielle Costa foi uma das pessoas que efetuou o saque este mês. Por não ter dívidas, ela explicou que decidiu investir na casa onde reside quando descobriu o valor do que iria receber. O recurso foi utilizado para a construção de uma varanda, de uma área de serviço e de uma cozinha externa. “Preferi investir, porque não é algo que vou fazer e vai passar”, disse.
A jornalista Gislaine Teixeira também decidiu investir o dinheiro recebido em casa. Após o saque, ela informou que guardou uma parte da quantia no banco e vai utilizar a outra para instalar câmeras de segurança e um portão eletrônico. “Infelizmente temos que investir nesses aparatos devidos à violência da cidade”, pontuou. (A.G.G)
Economista dá orientações sobre uso de dinheiro das contas inativas
Segundo uma pesquisa da Boa Vista SCPC, feita com quase três mil pessoas de todo o Brasil, 21% dos brasileiros está usando o dinheiro das contas inativas do FGTS para pagar dívidas em atraso, especialmente do cartão de crédito; 16% optaram por pagar as contas de concessionárias, como água, luz e gás; 10% arcaram com o pagamento de empréstimo pessoal e consignado e 10% quitaram dívidas com o cartão de loja. Do total de entrevistados, apenas 52% tinham direito ao benefício.
O economista Dorcilio Erik afirmou que, de fato, é preferível utilizar o dinheiro extra para o pagamento de dívidas atrasadas, principalmente em relação ao cartão de crédito, que possui alta taxa de juros. Para ele, mesmo que o trabalhador pague um valor mínimo por mês, com o crédito rotativo, os juros do cartão de crédito giram em torno de 300% a 400% ao ano.
Em meio à crise, ele explicou que o saque das contas inativas foi uma maneira de o Governo Federal aquecer a economia nacional e passar a sensação de que a economia está voltando ao normal, ainda que o dinheiro retido fosse limitado. “O trabalhador compra da loja, que compra mais da indústria, que por sua vez contrata mais pessoas… Mas só até um certo momento. Por isso ele estende o prazo, esperando que quem não sacou, também jogue este dinheiro na economia”, disse.
INVESTIMENTO – Aos que pretendem investir o valor recebido, ele orientou que a poupança não deve ser utilizada. De acordo com Erik, a poupança funciona como um mecanismo para equilibrar as perdas da inflação. “Se houve 10% de inflação, a poupança rendeu cerca de 8%, então você perdeu 2%. Ela acompanha a inflação e não permite que o dinheiro seja desvalorizado”, explicou.
Para investimentos, o economista apontou o Certificado de Depósito Bancários (CDB) e títulos públicos, que pagam acima da inflação. “Como a taxa Selic está em 9,25%, isso significa que qualquer investimento que o trabalhador fizer com títulos públicos ou CDB vai pagar muito mais que a poupança. As pessoas precisam entender que a poupança não é um investimento”, comentou.
CDB – É um título que os bancos emitem para se capitalizar, ou seja, conseguir dinheiro para financiar suas atividades de crédito. Ao adquirir um CDB, o investidor está efetuando uma espécie de empréstimo para a instituição bancária em troca de uma rentabilidade diária.
TÍTULOS PÚBLICOS – São ativos de renda fixa que possuem a finalidade de captar recursos para o financiamento da dívida pública e financiar atividades do Governo Federal, como educação, saúde e infraestrutura. (A.G.G)