Duas vezes ao ano, as 501 comunidades localizadas nas terras indígenas Raposa Serra do Sol e São Marcos, entre os Municípios de Normandia, Uiramutã e Pacaraima, recebem a Agulha Oficial, campanha de vacinação promovida pelo Governo do Estado contra a febre aftosa.
Das 47 mil cabeças de gado dessa região, 30 mil (63%) já foram imunizadas. O rebanho de gado em comunidades indígenas representa 5,7% de todas as rezes do Estado, que este ano está estimado em 820 mil cabeças.
A vacinação nas comunidades indígenas se estende por mais 15 dias além da campanha – encerra dia 15 de maio, e visa imunizar o rebanho localizado em áreas de fronteira internacional, em especial com a Venezuela, onde há suspeitas de casos da doença, e assim, garantir que Roraima continue com a certificação de livre de aftosa com vacinação.
As doses da vacina são adquiridas pela Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), que também disponibiliza técnicos para a aplicação, além de automóveis para locomoção. Por se tratar de uma área indígena, a Aderr também conta com o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que também disponibilizam técnicos e veículos.
Segundo o presidente da Aderr, Gelb Platão, a Agulha Oficial se estende por mais 15 dias além da campanha devido a dificuldade de acesso. Ele informou ainda que nestas localidades, existem zonas de proteção, onde os animais, tanto bovinos quanto ovinos, são identificados com brincos. “Nestas localidades temos cerca de dois mil animais que são monitorados com frequência. Além disso, a Agência também trabalha com barreiras sanitárias nos municípios de fronteira e com fiscalização móvel nas rodovias de acesso a essas localidades”, adiantou.
O secretário do Índio, Dílson Ingarikó, esclareceu que o Governo do Estado oferece a assistência técnica, com treinamento dos indígenas, vacinação, e remédios. “Com essa contrapartida do Estado, as comunidades aprendem o manejo adequado do gado e isso contribui para o aumento do rebanho”, disse.
Hoje, os Municípios de Pacaraima, Uiramutã e Normandia são abastecidos com carne produzida nas comunidades indígenas. “O projeto tem dado tão certo que além de abastecer as comunidades, vende a carne para os municípios”, disse Dílson.
Platão ressaltou que esse trabalho é de extrema importância para a manutenção do status de Livre de Aftosa com Vacinação. “Há pouco mais de um ano Roraima e outros Estados da Região Norte tiveram o status elevado, o que possibilitou que o Brasil fosse considerado pela Organização Mundial de Saúde Animal como livre da doença com vacinação. Se houver o registro de um caso sequer, o País é rebaixado novamente. Então, nossa responsabilidade é altíssima”, explicou o presidente da Aderr.
Criadores têm até dia 30 para vacinar gado
A campanha de vacinação contra a aftosa fora das comunidades indígenas, cuja aplicação das doses é de responsabilidade do criador, atingiu até o momento 36% do rebanho, que representa 276 mil cabeças.
Os criadores têm até o dia 30 de abril para comprar doses da vacina nas lojas agropecuárias credenciadas. A notificação, que é a apresentação da aplicação no rebanho, pode ser feita até o dia 15 de maio.
Se o produtor perder o prazo, só poderá adquirir a vacina mediante autorização da Aderr, que também irá acompanhar todo o processo de vacinação. Os inadimplentes também estão sujeitos à aplicação de multa de R$ 1.349,00 por propriedade e de mais R$ 82,00 por animal não vacinado.
“A dose da vacina custa R$ 1,50, então compensa muito mais vacinar durante a campanha. É importante ressaltar que a Aderr não existe apenas para aplicar punições. A Agência está à disposição do homem do campo para orientações. Nosso objetivo é garantir o desenvolvimento do setor produtivo que só terá condições de crescer com um setor sanitário estruturado e pronto para o combate de qualquer tipo de doença ou praga”, disse Platão.
RR recebe certificado internacional
Livre de Aftosa com Vacinação
Com os investimentos e ações de monitoramento do rebanho de gado do estado, Roraima vai receber em maio o certificado da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) para exportar carne para outros Países. A solenidade de entrega do documento será em Paris.
Roraima é um dos quatro estados da Região Norte que receberão a certificação da OIE. O pedido para o credenciamento foi feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Essa é a primeira vez que o Roraima vai exportar carne para fora do estado e do País. O pleito para a certificação já foi aprovado e estamos prestes a ganhar o certificado”, ressaltou a governadora Suely Campos.