
Mais de 3 mil crianças Yanomami com até cinco anos de idade não possuem registro de nascimento no Brasil, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE. O levantamento aponta que 3.288 crianças da etnia Yanomami/Yanomán não foram registradas, o que representa 65,54% do total dessa faixa etária dentro do grupo.
A ausência de registro civil — documento essencial para o acesso a direitos como saúde, educação e benefícios sociais — evidencia uma situação de vulnerabilidade e isolamento enfrentada por povos indígenas, especialmente em regiões de difícil acesso da Amazônia.
Baixa cobertura entre povos isolados
Ainda dentro do mesmo agrupamento étnico, os Sanumá, também pertencentes à nação Yanomami, apresentam um índice ainda mais alarmante: 97,34% das crianças, ou 879 menores de cinco anos, não possuem qualquer tipo de registro.
Entre os Makuxí, o número também preocupa — são 748 crianças sem registro, equivalentes a 7,89% do total do grupo nessa faixa etária.
Panorama nacional
No contexto geral, o levantamento mostra que 94,09% das crianças indígenas com até cinco anos possuem algum tipo de registro de nascimento — seja o tradicional, feito em cartório (89,12%), ou o Registro Administrativo de Nascimento Indígena (RANI), emitido por órgãos indigenistas (4,97%).
Mesmo com o avanço, 5,42% das crianças indígenas dessa faixa etária continuam sem registro, um percentual 4,91 pontos percentuais acima do observado na população total do país, onde apenas 0,51% das crianças de até cinco anos não possuem registro de nascimento.
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Desafios e políticas públicas
Especialistas destacam que as barreiras geográficas, a falta de estrutura de atendimento civil em terras indígenas e as dificuldades de comunicação com comunidades isoladas são fatores que contribuem para o baixo índice de registro.