Com a chegada da energia do Linhão de Tucuruí, a expectativa de redução na conta de luz em Roraima pode não se confirmar. Foi o que explicou o engenheiro eletricista Frederick Lins, em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha FM 100.3, nesse domingo (7).
Segundo ele, os consumidores do estado devem sentir impacto na fatura por duas razões principais: o fim do subsídio do diesel e a cobrança das bandeiras tarifárias. Até agora, Roraima era atendido por um sistema isolado, com reajuste anual em novembro. A partir da interligação, o valor da conta poderá variar de acordo com o cenário nacional de geração de energia.
“Quando nós sairmos do sistema isolado, vamos perder a verba destinada ao diesel, que era custeada pelos demais estados brasileiros. Além disso, agora passaremos a pagar bandeiras verde, amarela ou vermelha, de acordo com as condições de geração hídrica do país”, explicou.
Atualmente, o Brasil está sob a bandeira vermelha, patamar 2, que significa situação hídrica crítica, gera maior custo e acrescenta R$ 7,87 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos. Isso significa que um consumidor que gasta em média 500 kWh por mês pode pagar quase R$ 40 a mais na fatura.
Por isso, Frederick lembrou que esse impacto será sentido de forma rápida pelos consumidores de Roraima, já que o gasto médio de energia no estado é elevado. “Aqui em Roraima é fácil ter, qualquer consumidor vai ter 500 kWh por conta do calor. A gente já desmistificou isso, que aqui não é a energia mais cara, é a impulsividade entre as mais baratas. É o consumo per capita, que é alto, por causa do ar-condicionado”, afirmou.
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Outro ponto destacado pelo engenheiro é que, além da perda do subsídio do diesel, Roraima passará a contribuir com outros sistemas isolados do país, como a ilha de Fernando de Noronha. Esse processo, segundo ele, ocorrerá de forma gradual, como já aconteceu em estados da Amazônia que se conectaram ao SIN.
Operação comercial do Linhão e Mercado Livre de Energia
Sobre o andamento da obra, Frederick relembrou que, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os testes no linhão estão previstos para iniciarem nesta terça-feira (9) e seguir até quinta (11). Já a licença de operação comercial está datada para 30 de setembro.
Com o início da operação se aproximando, o engenheiro também explicou sobre a possibilidade de grandes consumidores migrarem para o Mercado Livre de Energia, negociando diretamente com geradores ou comercializadoras. “Nesse caso, o consumidor terá duas faturas: uma para a energia negociada no Mercado Livre, que pode ser até 30% mais barata, e outra para o uso da rede da distribuidora local, que continua cobrando pelo transporte da energia até a casa ou empresa”, detalhou.
Lins reforçou que a mudança exige planejamento, como notificar a distribuidora com seis meses de antecedência e firmar contratos geralmente de cinco anos, garantindo previsibilidade e evitando interrupções no fornecimento.
Entrevista completa
Confira a entrevista de Frederick Lins no Agenda da Semana pelo canal da rádio Folha FM 100.3 no YouTube.