Com o desligamento do sinal analógico nas TVs de tubo, que acontece no dia 14 de agosto em Boa Vista e no Cantá, a instituição não governamental Seja Digital tem promovido a distribuição de kits gratuitos para famílias cadastradas em programas sociais do Governo Federal. A implantação do sinal digital está ocorrendo em todo país com a oferta de melhoria na imagem e sons. Quem não fizer a conversão tem a possibilidade de ficar sem ter como assistir aos canais da TV aberta.
Dentro do kit disponibilizado pela entidade, há antena digital e conversor com controle remoto, que são os equipamentos necessários para acesso ao sinal digital. Porém, muita gente está aproveitando da facilidade em conseguir o kit para vendê-los nas redes sociais e em sites de vendas.
Em uma pesquisa feita pela Folha, foram encontrados cinco anúncios do kit completo, ofertados com a média de preço entre R$ 90 a R$ 220. A equipe de reportagem entrou em contato com os vendedores se passando por clientes interessados no kit. Dois deles afirmaram que não sabiam da origem do produto, que terceiros teriam feito a entrega para que fossem disponibilizados para a venda. Ao serem perguntados se eram os mesmos kits que estão sendo distribuídos gratuitamente, eles apenas falaram que têm a mesma finalidade.
Já em outro contato, uma moça confirmou que conseguiu o kit com a Seja Digital e que já teria vendido a antena e cobrou R$ 150 pelo conversor com o controle remoto e os cabos que também são inclusos na caixa. As fotos postadas no anúncio mostram que nas caixas está escrito que a venda é proibida por ser distribuído gratuitamente. Uma das vendedoras, ao ser questionada sobre a imagem da caixa, mudou de assunto.
No mercado local, esses equipamentos são vendidos separadamente. Em uma loja da capital, o preço do conversor é R$ 69 e da antena R$ 79, porém, em outros pontos, o preço pode variar e ir para R$ 105 o conversor e R$ 38 a antena. Fazendo os cálculos, dá um valor aproximado do cobrado nas redes sociais. Com a proximidade do desligamento, os vendedores afirmam que a procura cresceu significativamente e que a tendência é aumentar.
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VENDA PROIBIDA – A Seja Digital informou que não compactua com as vendas de kits gratuitos. Durante o processo de retirada do kit, é informado para o beneficiário que a comercialização é proibida e é necessário que assine um termo concordando que não fará a venda. “Nós orientamos que as pessoas com direito ao kit que façam a doação caso não precisem do kit. Às vezes, na própria família, ela tem alguém que precisa dos equipamentos e não tem direito ao kit gratuito”, afirmou a gerente regional, Célia Sena.
Além da assinatura do termo, a pessoa preenche um cadastro com foto para identificação. Em Roraima, foram disponibilizados mais de 56 mil kits para serem distribuídos e, segundo a gerente, são poucas pessoas que realizaram anúncios para a comercialização.
Para a retirada do kit, é necessário fazer um agendamento com a equipe, seja pelo número 147, que é gratuito e está disponível 24h, e pelo
site para saber se tem o direito de retirar o aparelho. “Queremos que as pessoas retirem o kit, que façam a instalação. Inclusive nós incentivamos que as pessoas peguem o kit o quanto antes para que estejam preparadas para o desligamento do sinal analógico”, finalizou Célia.
PENALIDADES – A Polícia Civil de Roraima informou por meio de nota que até o momento não recebeu nenhuma denúncia em relação à comercialização do aparelho conversor Seja Digital. Caso ocorra, as investigações serão iniciadas e os autores serão responsabilizados conforme a legislação. (A.P.L)
