Cotidiano

Jovens produzem composto natural de alta qualidade para plantio

Além do composto natural, os alunos da Oficina de Educação Ambiental e Compostagem produzem mudas de plantas ornamentais, arbóreas e frutíferas. Tudo o que é produzido por eles é vendido e o retorno financeiro das vendas é dividido entre todos.

Alunos da oficina de educação ambiental e compostagem do Projeto Crescer, que funciona no Horto de Boa Vista, situado no Parque Anauá, conseguiram desenvolver e produzir um composto natural de alta qualidade, derivado de um processo minucioso de compostagem. A equipe de reportagem da Folha acompanhou a oficina nesta segunda-feira (10) para conhecer as etapas da produção.

O primeiro passo é fazer o substrato, quando misturam um carrinho de mão de palha de arroz, dois carrinhos de mão de subsolo (terra peneirada), quatro carrinhos de mão de galhada triturada, 360g de fósforo, 360g de NPK (adubo químico de nitrogênio, fósforo e potássio), 360g de pó de calcário.

Para a compostagem, o substrato que os alunos misturaram é incorporado à matéria orgânica (folhas, cascas de frutas, legumes), galhada triturada e esterco bovino ou de galinha para que os micro-organismos auxiliem no processo de decomposição da matéria orgânica. Todo o material é misturado a cada três dias, dentro de uma baia, até que fique pronto, após 75 dias, para então ser peneirado e embalado para venda.

Aluno do Projeto desde junho de 2022, Fabrício Albuquerque disse que quando iniciou as atividades aprendeu sobre o meio ambiente e sobre o que pode causar impactos no dia a dia. “Quando a gente entra aqui, aprende a cuidar do meio ambiente, fazer compostagem, fora as aulas. Essa oficina é um acréscimo à nossa aprendizagem. Criamos diversas ideias, compartilhamos pensamentos e a gente começa a executar em casa, separando o lixo orgânico dos plásticos, metais dos vidros. A gente leva o aprendizado para casa”, ressaltou.


Fabrício Albuquerque, aluno do Projeto Crescer desde 2022. (Foto: Wenderson Cabral)

Emile Prestes, aluna do projeto desde novembro de 2022, põe o aprendizado em prática cuidando das plantas de sua casa. “Desde que cheguei aqui consegui aprender mais e sei que posso ter mais experiência para quando chegar ao mercado de trabalho. Tomei gosto e acho que vale a pena continuar estudando”, frisou.


Emile Prestes durante as aulas na oficina de compostagem. (Foto: Wenderson Cabral)

Conforme a instrutora de ofício, Monique Machado, a oficina de compostagem é uma entre nove ofertadas no Projeto Crescer com o objetivo de preparar os participantes para a vida adulta. “A gente está aqui nessa intenção de ensinar um ofício para que, se eles não saem por idade, aos 21 anos, saem para ir ao mercado de trabalho ou para a universidade e escolas de formação”, acrescentou.


Instrutora de ofício do Projeto Crescer, Monique Machado. (Foto: Wenderson Cabral)

A instrutora reforçou que o carro-chefe da oficina é o composto natural, sustentável e rico em nutrientes. “A gente resgata esses materiais para o processo de compostagem. Aqui na oficina a gente tem também a produção de mudas e as aulas de sistemas ambientais. Tudo o que é produzido nas oficinas tem a participação deles. Aqui eles vão aprimorando, aprendendo tudo o que estamos ensinando no dia a dia. Eles aprendem sobre a produção de mudas, substrato e principalmente o composto natural que exige um trabalho braçal e precisa deles”, explicou.

Os jovens estão no projeto de segunda à sexta-feira, com turmas pela manhã e pela tarde. “Eles estão de forma quase que fixa, porém a cada dois meses temos ingresso de novos integrantes na oficina. Eles desenvolvem as atividades nesse horário que estão matriculados. Dias de segunda-feira a gente tem as atividades laborais, que eles estão cuidando das plantas e do espaço. Na terça-feira tem aula de educação ambiental com os professores. Na quarta-feira também tem atividade laboral. Na quinta-feira é dia de atividade física e na sexta-feira eles têm atividade laboral novamente”, finalizou Monique Machado.

A oficina de educação ambiental foi inserida na grade de cursos em 2017 e os produtos oriundos do aprendizado e do trabalho desenvolvido estão sendo comercializado pela Cooperativa Social Crescer (Coopercrescer). O resultado financeiro das vendas retorna para os adolescentes e jovens do projeto. Os alunos também vendem os produtos nas feiras temáticas e em eventos relacionados à agricultura. O composto natural custa R$ 15,00 por cada embalagem de 9kg.


A cada dia os alunos participam de uma atividade que pode ser teórica, laboral ou física. (Foto: Wenderson Cabral)

Atualmente, o projeto atende aproximadamente a 350 alunos, de 15 a 21 anos, com média de 30 integrantes por oficina. Todos são contemplados com bolsa de R$ 230, alimentação (café da manhã e almoço), vale transporte e fardamento.

Os interessados devem procurar a sede do Projeto Crescer, no bairro Pintolândia. O principal requisito para a seleção é que os adolescentes e jovens estejam em situação de vulnerabilidade social. A primeira fase de seleção é o pré-cadastro, seguido de entrevistas para definição dos que têm o perfil para ingressar no projeto social que existe desde 2001.


Composto natural desenvolvido, produzido e comercializado pelos alunos. (Foto: Wenderson Cabral)