No sul do estado, três municípios vizinhos: São Luís do Anauá, São João da Baliza, Caroebe, vilas e vicinais agora têm energia gerada pelo complexo hidrelétrico de Jatapu. A revitalização da usina foi entregue à população neste fim de semana, com a ativação das quatro turbinas que juntas geram energia para 50 mil moradores da região.
Na obra realizada por convênio entre a Companhia Energética de Roraima (Cerr) e Secretaria de Infraestrutura (Seinf), o governo estadual investiu R$ 66 milhões. Em 24 anos, esta é a primeira vez que Jatapu funciona com as quatro turbinas. Quando inaugurada 1994, pelo ex-governador Ottomar Pinto, eram duas turbinas. Agora, as duas antigas foram totalmente recuperadas e outras duas postas em funcionamento. Juntas, geram 10 megawatts, quase o dobro do consumo, que é 5,5 megawatts. O excedente passa a fazer parte de uma reserva técnica.
Em horários de pico vão funcionar três turbinas. Nos horários de menor consumo, somente duas. A quarta turbina só entrará em funcionamento se houver necessidade.
“A reinauguração de Jatapu ficará para a história do desenvolvimento do sul de Roraima. Agora os produtores têm energia segura e confiável para expandir a produção”, avaliou a governadora Suely Campos.
Maria Augusta Mendonça chegou a Entre Rios na década de 70, quando não havia moradores. “Naquele tempo, a luz era de vela e lamparina”, lembrou. Ela, que viveu todas as fases até chegar à energia elétrica, disse que vai aumentar a produção de polpa de frutas, já que terá como conservar o produto.
Jatapu está pronta para ser interligada ao sistema Guri, através da subestação de Novo Paraíso, e Tucuruí quando chegar, já que todos os equipamentos e comandos são modernos e digitais.
Produtores querem implantar indústria
A certeza de energia elétrica ininterrupta motivou a Associação de Produtores de Banana de Entre Rios a pensar na instalação de uma indústria na região, para processar polpa de frutas, banana e farinha. O projeto, de R$ 207 mil, foi aprovado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), do Ministério da Agricultura.
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“Agora com a energia de Jatapu, podemos montar a agroindústria, sem ter prejuízo com a oscilação de energia elétrica”, disse um dos representantes da Associação, Célio Ramos.
A Associação reúne 16 produtores, cada um com direito de comercializar até R$ 8 mil/ano. A produção de frutas e verduras é absorvida pelas escolas da região, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar, e comercializada também em barracas da feira livre que acontece aos sábados em Caroebe.
Segundo Ramos, os projetos executados pela Associação são feitos com a participação da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento [Seapa].
“Toda a parte técnica e burocrática é feita pela Casa do Produtor Rural de Entre Rios. Como somos a única Associação com documentação em dia, isso nos permite a busca por recursos estaduais e federais. Já tivemos projetos aprovados na ordem de R$ 86 mil e R$ 124 mil”, afirmou.
Governo quer reduzir o preço da tarifa de energia
No Brasil, a tarifa de energia é cobrada a partir de cálculos que envolvem os custos: geração, transmissão e distribuição – somado ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e PIS/Cofins.
Como Jatapu é geração hídrica, o Governo de Roraima vai requerer à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) a redução da tarifa cobrada pela Eletrobras.
“É preciso fazer essa correção nas contas para o morador da região. Agora, a geração de energia é hídrica e não térmica. Então o valor tem que cair”, defendeu Suely Campos.
Segundo Célio Ramos, quando a energia era fornecida pela Cerr, era cobrada na tarifa rural – cerca de R$ 30. “Mas hoje, com a energia fornecida pela Eletrobras, nós pagamos contas acima de R$ 100”, exemplificou.
