O café, um dos produtos mais presentes na mesa do brasileiro, começa a ser deixado de lado. Dados divulgados pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) revelam que o consumo da bebida caiu 16% em abril deste ano em comparação com o mesmo mês de 2024.
Nos primeiros quatro meses de 2025, a retração acumulada já chega a 5%, o que indica uma tendência preocupante de queda no consumo, motivada principalmente pelo avanço da inflação e a consequente perda de poder de compra da população.
“O café é um item culturalmente enraizado, mas o preço tem pesado no bolso. O consumidor está optando por marcas mais baratas ou reduzindo a quantidade comprada”, explica Celírio Inácio, diretor-executivo da Abic.
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Inflação e custo de vida
A alta nos preços de alimentos e bebidas tem sido um dos principais fatores de pressão sobre o orçamento das famílias. Segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o grupo alimentação e bebidas acumula alta acima da inflação média, afetando produtos essenciais — e o café não ficou de fora.
Além do aumento nos custos de produção e logística, fatores climáticos também influenciaram a colheita e o preço final do grão, o que acaba sendo repassado ao consumidor.
Mudanças nos hábitos de consumo
Especialistas em comportamento do consumidor apontam que a mudança nos hábitos alimentares e de compra tende a ser uma das primeiras reações da população em momentos de crise econômica. Em relação ao café, isso significa desde a troca por marcas mais acessíveis até a substituição por outras bebidas mais baratas, como o chá ou o café solúvel.
“O brasileiro ainda consome café, mas com mais cautela. Está racionando ou mudando o padrão de qualidade”, afirma a economista Thaís Oliveira, da consultoria AgroTrends.
Perspectivas para o mercado
Apesar da retração, a Abic acredita que o mercado pode se recuperar, caso haja uma estabilização nos preços e um cenário econômico mais favorável nos próximos meses. A entidade também aposta em ações para manter o hábito do consumo entre os brasileiros, inclusive com campanhas educativas e promoções.
Enquanto isso, o cafezinho — tradicional símbolo de hospitalidade e rotina — começa a pesar no orçamento de muitos lares, deixando de ser um hábito diário para se tornar um consumo mais pontual e planejado.