O reflexo da chegada em massa de venezuelanos pode ser sentido principalmente nas demandas do setor público, nas áreas como educação e saúde. Em relação à educação, foi registrado aumento no índice de matrículas. Na área da saúde, o número de atendimentos a venezuelanos mais do que dobrou nos últimos dois anos, chegando a gerar superlotação em alguns hospitais.
A Folha analisou os atendimentos realizados entre janeiro e agosto no Hospital Geral de Roraima (HGR), Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré (HMINSN), Hospital da Criança Santo Antônio e no Hospital Délio de Oliveira Tupinambá, localizado no Município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, a cerca de 220 quilômetros da Capital, na região norte do Estado. Em algumas unidades, o número de atendimentos aumentou mais de 800%.
Conforme os dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), o HGR ocupa a primeira colocação em relação ao número de atendimentos realizados junto aos venezuelanos. Em 2015, a unidade registrou 315 atendimentos. No ano seguinte, o número subiu para 767. Este ano, foram registrados 3.042 atendimentos. Atrás do HGR está o Hospital de Pacaraima, que registrou 1.095 atendimentos em 2015, 2.730 em 2016 e 3.033 este ano.
A maternidade e o Hospital da Criança são as unidades que tiveram o menor crescimento em relação a atendimentos. O Hospital Materno registrou 292 atendimentos em 2015, aumentando para 475 em 2016 e 1.024 em 2017. No Hospital da Criança, 110 pacientes foram atendidos na emergência e 66 internados na unidade no ano passado. De janeiro a julho deste ano, 1.379 venezuelanos foram atendidos. O Hospital da Criança não dispõe de dados do ano de 2015.
Pelo fato de Roraima estar em uma área de tríplice fronteira, a Sesau apontou que os atendimentos a estrangeiros sempre foram rotina nas unidades de saúde do Estado. No entanto, o aumento no número de pacientes e o fato de as unidades já estarem sobrecarregadas pela falta de investimento dos últimos governos gera preocupação do ponto de vista da saúde pública.
Diante da nova demanda, a pasta afirmou que os esforços do Governo do Estado têm sido no sentido de ampliar a capacidade das unidades para receber a população sem distinção de nacionalidade. A Sesau analisou que o Hospital das Clínicas, previsto para ser entregue em julho deste ano, após seis anos de obra, e o anexo do HGR vão resolver a superlotação e a qualidade nos atendimentos. Para amenizar a superlotação da maternidade, a secretaria garantiu que está em andamento um projeto de construção de mais uma ala com 30 leitos.
RECURSOS – A Sesau apontou estar trabalhando para conseguir, junto ao Ministério da Saúde (MS), a liberação de aproximadamente R$ 10 milhões em emendas e recursos extras anunciados para equipar a maternidade. A ideia é reformar o centro cirúrgico e o Centro de Material Esterilizado (CME), além de ampliar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) implantando uma UTI materna, tendo em vista que as mães que precisam são encaminhadas para o HGR.
Também está sendo buscada a liberação de R$ 300 mil para equipar o Hospital Délio Tupinambá, em Pacaraima, e ampliar a capacidade de resolutividade dos problemas de saúde da população na unidade. A pasta informou que seis unidades de saúde foram inauguradas desde 2015, apesar dos recursos escassos, e que houve um aumento geral de 70% nas cirurgias realizadas, aumentadas em cerca de 30% as vagas para agendamento de consultas especializadas.
EFETIVO – Cerca de 1.300 servidores foram convocados desde 2015 para trabalhar na assistência em saúde, o que representa um aumento de 30% do efetivo na área. Ao final de 2017, a Sesau analisou que Roraima será um dos estados que mais investiu suas receitas em saúde, chegando a 18%. Caso alcance o índice, o Estado vai estar atrás do Tocantins (18,12%) e do Amazonas (22,33%). (A.G.G)