Cotidiano

Imagem retirada de Hospital Materno-Infantil causa revolta

POLYANA GIRARDI

Colaboradora da Folha

A retirada da imagem de Nossa Senhora de Nazaré do Hospital Materno-Infantil, que tem o mesmo nome da santa, causou indignação em alguns servidores da unidade. Eles denunciaram que a representação foi retirada do altar, local onde esteve por anos, e que a atual gestão disse que não irá recolocá-la em respeito às demais pessoas que professam outra fé.

Os denunciantes relataram que a imagem foi retirada e em seu lugar foi posto um pilão de madeira, ou seja, uma peça de artesanato. Mas o questionamento é que pela unidade de saúde ter o nome de Nossa Senhora de Nazareth e pelo tempo que a imagem esteve exposta e nunca ninguém tenha questionado tal fato, eles acham descabida a decisão da atual gestão em se negar a devolver a imagem para seu lugar, o altar no corredor principal de acesso aos blocos.

A diretora-geral do Hospital Materno, Adriana Casselli de Abreu, conversou com exclusividade com a equipe da Folha para esclarecer o ocorrido. Segundo ela, a imagem foi retirada antes do início de sua gestão, supostamente devido a uma reforma que houve no local, e posta em uma sala trancada por se tratar de um objeto pessoal de uma médica da unidade.

“Quando assumi a gestão, vieram dizer que eu tirei a imagem, mas não foi isso o que aconteceu”, disse Adriana. Mas confirmou que foi feito um pedido para que a imagem fosse recolocada em seu local de origem, mas que se negou a fazer isso.

“Se eu autorizar a recolocação da imagem, estarei abrindo precedentes para que outros servidores exponham outros objetos religiosos, pois todos têm o direito de compartilhar sua fé. Então, estabeleci que todos devem exercer apenas medicina e respeito. Objetos particulares devem ser usados em suas casas. Porque na maternidade entram pessoas de todas as religiões”, disse a diretora.

Ainda ao ser questionada sobre sua decisão, a diretora sugeriu uma pesquisa de opinião entre os que trabalham no hospital e diante do impasse optou pelo bom senso de não permitir. Adriana ressaltou que além de diretora-geral, é médica pediatra e lida todos os dias com pessoas que precisam de respeito, e que não há como barrar a entrada de acordo com a religião em que acreditam.

“Pessoas com diferentes crenças entram na maternidade todos os dias e são respeitadas por todos. Não vou permitir que transformem a maternidade em um espaço de preferências religiosas. Estamos em uma instituição hospitalar que trabalha para salvar vidas.  Já participei de diferentes cultos e não tenho uma religião fechada. Tenho grandes amigos de todos os credos e aqui no hospital me preocupo com o que é mais importante, prestar assistência para quem busca atendimento”, ressaltou Adriana.

Ela disse ainda que uma segunda imagem de Nossa Senhora de Nazaré, que representa o nome da instituição, se encontra na principal entrada da maternidade, em forma de pintura de parede, onde sempre esteve.

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