No Dia dos Pais, histórias de afeto e inspiração ganham um significado especial. Entre elas, a trajetória do major da reserva da Polícia Militar de Roraima (PMRR), Jaelson Carvalho, e de seu filho, o soldado da PMRR Rafael Magalhães, mostra que o vínculo entre pai e filho pode se fortalecer e se cruzar também na vocação pelo serviço público.
Rafael conta que praticamente nasceu dentro da Polícia Militar. Ainda menino, acompanhava o pai em formaturas, solenidades e até no quartel. “Eu sempre estive nesse meio. Conhecia o serviço, o militarismo. Mas se eu disser que sonhava em ser policial, vou estar mentindo. Descobri essa paixão só quando prestei o concurso e passei. Hoje a PM é a minha vida e eu sou muito grato pela minha profissão”, afirmou.
Desde que ingressou na corporação, Rafael buscou se especializar. Começou no 2º Batalhão, trabalhou no Giro por três anos e, mais recentemente, foi convidado para atuar na Secretaria de Segurança Pública. “Estou muito feliz aqui. Sempre recebi incentivo do meu pai para estudar. Minha única função era passar no concurso. Ele sempre esteve do meu lado”, disse.
O pai, major Jaelson, que dedicou 27 anos à corporação, confirma que o contato de Rafael com a área foi intenso, especialmente durante o período em que serviu no interior. “Quando trabalhei três anos no Apiaú, éramos só nós: eu, a mãe dele, a irmã e ele. Os parentes eram os outros policiais. Sempre dizia: ‘Fulano, sargento tal, soldado tal, são nossos parentes aqui’. Quando soube que ele tinha se inscrito no concurso, fiquei muito feliz. Foi uma grande satisfação vê-lo na PM. Eu não consegui segurar, a emoção veio. Foi um momento único para mim, ver meu filho seguindo esse caminho”.
Episódios que ficaram na memória
Apesar de não terem atuado juntos já que Jaelson se aposentou em 2020 e Rafael ingressou na PM em 2021, algumas situações aproximaram ainda mais os dois. Uma delas foi curiosa: já na reserva, o major foi abordado por uma equipe do Giro Militar. Ao abaixar o vidro do carro, um dos policiais exclamou: “É o pai! É o pai!”. Era Rafael atendendo uma ocorrência onde o pai estava próximo.
O pai relembra também outra memória marcante, quando o filho tinha cerca de 12 anos. No interior, durante uma ocorrência envolvendo um homem armado com faca, Jaelson pediu que o garoto corresse até em casa para buscar a chave do destacamento. “Ele foi, abriu o destacamento e me ajudou. Isso marcou muito”, recorda.
Ao brincar e se emocionar contando as historias, Rafael admite que, na infância, hesitou em seguir o caminho do pai. “Eu sempre vi a grande responsabilidade que ele carregava. No início, pensei: ‘Não quero isso para mim’. Mas, quando entrei para a corporação, percebi que todo sacrifício dele para o melhor para nossa família vale a pena.”
Legado e princípios de pai para filho
Para o filho, o maior aprendizado herdado do pai vai além das técnicas policiais. “Quero seguir a mesma linha de pensamento dele: ser honesto, fazer o serviço perfeito e respeitar sempre a dignidade das pessoas, porque um dia podemos estar na mesma situação que elas.”
Longe das ruas, mas próximos em casa, os dois compartilham a rotina familiar. Entre risadas e brincadeiras, o pai admite que o filho “dá trabalho” e completa emocionado: “Ele continua sendo o mesmo Rafael de sempre. Continua morando comigo. É meu filho e meu amigo.”
Entre conselhos, memórias e histórias que misturam disciplina e afeto, pai e filho compartilham algo que vai além da farda: o compromisso com o serviço e a certeza de que a maior missão é a de estar presente um para o outro.
