Cotidiano

Governo não vai decretar emergência

Relatório da Defesa Civil sobre venezuelanos em Pacaraima afirma que não há desastre específico previsto na legislação federal

Governo não vai decretar emergência Governo não vai decretar emergência Governo não vai decretar emergência Governo não vai decretar emergência

O Governo do Estado informou, por meio de nota, que não pode decretar estado de calamidade pública ou situação de emergência porque a situação em Pacaraima é muito específica, pois não há um desastre. Esta conclusão saiu após a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) ter feito no final de agosto passado um levantamento rápido sobre a situação dos venezuelanos morando naquele município.

Como não há desastre específico previsto na legislação federal, a Defesa Civil não pode recomendar ao Governo do Estado a decretação de situação de emergência ou estado de calamidade pública, conforme instrução normativa 001/MI de 24 de agosto de 2012, que define os critérios que caracterizam os dois decretos.

Apesar disso, segundo a nota do Governo do Estado, a Defesa Civil chegou a vistoriar a área urbana de Pacaraima e até verificou locais para possíveis abrigos, dentre os quais um ginásio e uma igreja, mas as propostas continuam no relatório. Foram identificadas 47 famílias, num total de 177 pessoas, sendo 62 crianças e seis idosos.

A grande maioria das pessoas, ainda conforme o relatório, pertence a uma comunidade indígena da Venezuela distante da fronteira do Brasil a mais de 1.800 quilômetros. Esses índios seriam considerados patrimônio nacional venezuelano e protegidos por lei federal daquele País.

Conforme o governo, no começo do mês passado, a Polícia Federal fez uma operação em Pacaraima e deportou mais de 200 venezuelanos por eles não se encaixarem na situação de refugiados e estarem vivendo ilegalmente em território brasileiro.

No final da nota, o Governo do Estado garante que segue atento aos desdobramentos da situação do povo venezuelano que permanece nas ruas de Pacaraima, e que busca alternativas legais para amenizar o sofrimento dessas pessoas.

NÃO RETORNOU – A Folha tentou contato telefônico com o Ministério das Cidades, desde a semana passada, mas não obteve êxito. A Secretaria de Comunicação do Ministério das Cidades também não respondeu as mensagens enviadas por e-mail.

REALIDADE – Pacaraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela, tem enfrentado uma situação precária devido a milhares de venezuelanos que deixaram seu país por causa da crise econômica, política e financeira que atravessa o governo do presidente Nicolás Maduro. Os estrangeiros transformaram Pacaraima em uma “favela” e fazem de tudo para conseguir comida.

Na semana passada, a Folha foi ao município e constatou a triste realidade. Os venezuelanos dormem em praças públicas, debaixo de árvores e de pátios. A comida é feita em cima de tijolos em calçadas e nas ruas. Não há banheiro químico e o lixo doméstico está por todo canto.

Outra triste realidade. Até crianças venezuelanas estão trabalhando para ajudar os pais a comprar comida. A maioria trabalha como vendedora ambulante, mas muitas ficam em calçadas, sarjetas e em bancos de praça esperando os pais retornarem das vendas.

Mas, apesar da situação na fronteira Norte do Brasil agravar-se com a imigração forçada dos venezuelanos, ninguém tomou providências. O prefeito de Pacaraima, Altemir Campos (sem partido), em entrevista à Folha na semana passada, reclamou por não ter recebido, até aquele momento, nenhuma ajuda dos governos estadual e federal e que, por isso, poderia decretar até o final desta semana, situação de emergência no município. (AJ)

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.